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Chefe de facção nega ter mandado matar juiz
Júri de Júlio César Guedes de Moraes, acusado de ser um dos mandantes da morte de Antonio José Machado Dias, começou ontem
Grupos especializados da polícia fizeram varreduras no fórum da Barra Funda; dos 50 jurados convocados, 23 compareceram ao local
ANDRÉ CARAMANTE
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Com os sete jurados protegidos pelo anonimato e com escolta especial a todos eles, a
Justiça iniciou ontem o julgamento do presidiário Júlio César Guedes de Moraes, 37, o Julinho Carambola, acusado de
ser um dos dois mandantes da
morte do juiz-corregedor Antonio José Machado Dias, em
2003, em Presidente Prudente
(565 km de São Paulo).
Até o fechamento desta edição, o julgamento continuava e
a previsão era acabar às 2h de
hoje. Carambola negou participação no crime e até de ser ligado à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Para a polícia e a Promotoria,
Carambola é um dos principais
chefes do PCC, ao lado do presidiário Marco Willians Herbas
Camacho, o Marcola.
Marcola -que não quis comparecer ao seu julgamento (o
que é permitido por lei)- também deveria ser julgado por esse mesmo júri pela morte do
juiz Dias, mas seu advogado renunciou à defesa. Por isso, o julgamento dele será realizado em
nova data.
O advogado de Marcola, Roberto Parentoni, abandonou o
fórum no início do julgamento
reclamando de cerceamento de
defesa. O juiz Alberto Anderson Filho negou dois pedidos
de adiamento do júri, que foram negados.
O advogado alega que a Justiça só autorizou cinco dias para
que ele conhecesse todo o processo, enquanto que, para o Ministério Público, foram mais de
30 dias (o juiz disse não ter recebido reclamação disso anteriormente). Além disso, disse
só ter tido contato com seu
cliente por 30 minutos e com
monitoramento. "O que nós
queremos é um julgamento
justo", disse Parentoni.
O defensor disse que Marcola
não quis comparecer ao seu julgamento porque buscou evitar
tumultos e, também, para não
complicar ainda mais o trânsito
da capital.
Antes do início do júri, grupos especializados das polícias
Civil e Militar fizeram varreduras no fórum da Barra Funda
(zona oeste de SP), onde Carambola era julgado.
Dos 50 jurados convocados,
23 compareceram. Dois foram
embora quando viram o aparato policial. Dos 23, foram escolhidos quatro homens e três
mulheres. Por segurança, os jurados por números e letra -como 17a em vez do nome real,
por exemplo).
Além de ocultar os nomes, a
Justiça também determinou a
realização de uma escolta especial para os jurados.
Dois delegados, Godofredo
Bittencourt e Rui Ferraz Fontes (destacado pelo governo
paulista desde 2001 para investigar o PCC), foram arrolados
como testemunhas de acusação
e afirmaram que a morte do
juiz foi encomendada da prisão
por Marcola e Carambola.
Para o advogado de Carambola, Cláudio Márcio de Oliveira, os depoimentos prestados
por Ronaldo Dias, um dos assassinos do juiz já condenado
pelo crime, indicam que a ordem para o crime partiu do
também presidiário José
Eduardo Moura da Silva, um
dos fundadores do PCC, assassinado em 2003.
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