São Paulo, sexta-feira, 02 de outubro de 2009

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Chefe de facção nega ter mandado matar juiz

Júri de Júlio César Guedes de Moraes, acusado de ser um dos mandantes da morte de Antonio José Machado Dias, começou ontem

Grupos especializados da polícia fizeram varreduras no fórum da Barra Funda; dos 50 jurados convocados, 23 compareceram ao local

ANDRÉ CARAMANTE
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Com os sete jurados protegidos pelo anonimato e com escolta especial a todos eles, a Justiça iniciou ontem o julgamento do presidiário Júlio César Guedes de Moraes, 37, o Julinho Carambola, acusado de ser um dos dois mandantes da morte do juiz-corregedor Antonio José Machado Dias, em 2003, em Presidente Prudente (565 km de São Paulo).
Até o fechamento desta edição, o julgamento continuava e a previsão era acabar às 2h de hoje. Carambola negou participação no crime e até de ser ligado à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Para a polícia e a Promotoria, Carambola é um dos principais chefes do PCC, ao lado do presidiário Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.
Marcola -que não quis comparecer ao seu julgamento (o que é permitido por lei)- também deveria ser julgado por esse mesmo júri pela morte do juiz Dias, mas seu advogado renunciou à defesa. Por isso, o julgamento dele será realizado em nova data.
O advogado de Marcola, Roberto Parentoni, abandonou o fórum no início do julgamento reclamando de cerceamento de defesa. O juiz Alberto Anderson Filho negou dois pedidos de adiamento do júri, que foram negados.
O advogado alega que a Justiça só autorizou cinco dias para que ele conhecesse todo o processo, enquanto que, para o Ministério Público, foram mais de 30 dias (o juiz disse não ter recebido reclamação disso anteriormente). Além disso, disse só ter tido contato com seu cliente por 30 minutos e com monitoramento. "O que nós queremos é um julgamento justo", disse Parentoni.
O defensor disse que Marcola não quis comparecer ao seu julgamento porque buscou evitar tumultos e, também, para não complicar ainda mais o trânsito da capital.
Antes do início do júri, grupos especializados das polícias Civil e Militar fizeram varreduras no fórum da Barra Funda (zona oeste de SP), onde Carambola era julgado.
Dos 50 jurados convocados, 23 compareceram. Dois foram embora quando viram o aparato policial. Dos 23, foram escolhidos quatro homens e três mulheres. Por segurança, os jurados por números e letra -como 17a em vez do nome real, por exemplo).
Além de ocultar os nomes, a Justiça também determinou a realização de uma escolta especial para os jurados.
Dois delegados, Godofredo Bittencourt e Rui Ferraz Fontes (destacado pelo governo paulista desde 2001 para investigar o PCC), foram arrolados como testemunhas de acusação e afirmaram que a morte do juiz foi encomendada da prisão por Marcola e Carambola.
Para o advogado de Carambola, Cláudio Márcio de Oliveira, os depoimentos prestados por Ronaldo Dias, um dos assassinos do juiz já condenado pelo crime, indicam que a ordem para o crime partiu do também presidiário José Eduardo Moura da Silva, um dos fundadores do PCC, assassinado em 2003.


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