São Paulo, terça-feira, 02 de novembro de 2004

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AGENDA DA TRANSIÇÃO

Objetivo é ampliar influência do município na empresa, que, capitalizada, poderia fazer mais obras

PSDB propõe a José Serra a compra de ações do Metrô

CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Principal bandeira de campanha de José Serra (PSDB) em São Paulo, os projetos de parceria com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) já estão no papel de forma detalhada, e podem mudar radicalmente os setores de transporte e saúde do município.
Plano elaborado por tucanos, com conhecimento de Serra, propõe que a prefeitura compre ações do Metrô, "doe" o Fura-fila ao governo estadual e transfira a gestão dos postos de saúde da cidade às entidades filantrópicas que já administram alguns hospitais do Estado.
Este ano, a Prefeitura de São Paulo extinguiu a rubrica de gastos com o Paulistão. A partir de 2005, o item será incluído na rubrica de corredores de ônibus, conforme consta no projeto de Orçamento enviado à Câmara Municipal na semana passada.
A estratégia do PSDB é driblar as limitações financeiras da prefeitura "abraçando" o governo do Estado para que Serra tenha os bônus das realizações em conjunto.
Para integrantes do PSDB, por causa da falta de dinheiro, a concretização das parcerias é a única maneira de o partido conseguir apresentar resultados já nos dois primeiros anos de administração do município, o que, acreditam, pode dar impulso a candidatos tucanos nas eleições de 2006.
A iniciativa da elaboração do plano surgiu do grupo ligado ao deputado Walter Feldman (PSDB-SP). Um de seus mentores é o vereador eleito José Police Neto (PSDB).
A equipe responsável pela área de transporte do programa de governo de Serra tem reservas em relação à proposta do Fura-fila, mas vê com bons olhos a sugestão sobre o Metrô.
O investimento do município na empresa seria feito com o dinheiro para corredores de ônibus previsto no Orçamento de 2005 -cerca de R$ 280 milhões. No cálculo dos tucanos, o dinheiro investido em ações, além de ampliar a influência da prefeitura no Metrô, dará à estatal fôlego para realizar quase 40% das obras de expansão da linha 5-lilás -que hoje liga o Largo Treze ao Capão Redondo, está subutilizada e dá prejuízo de R$ 2,8 milhões ao mês. Com a expansão, ela poderá ser interligada a outras linhas.
A prefeitura usaria ainda o Estado como avalista de novos empréstimos -para tucanos, a cidade tem capacidade de se endividar em mais R$ 400 milhões.
Já a proposta de "doação" do Fura-Fila para o governo estadual tem o objetivo de livrar a prefeitura do ônus de concluir a obra. Apesar de terem criticado a prefeita Marta Suplicy (PT) na campanha por não tê-la terminado, os tucanos avaliam que, mesmo pronta, ela não terá impacto significativo na melhora do transporte na cidade.
Iniciado na gestão Celso Pitta (1997-2000), o Fura-fila, que teve o nome mudado para Paulistão, já consumiu R$ 360 milhões. O plano tucano prevê que CPTM ou Metrô, com mais capacidade de investimento, assumam a obra.


Colaborou ALENCAR IZIDORO, da Reportagem Local


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