São Paulo, quinta-feira, 02 de novembro de 2006

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depoimento

Quase tocando o solo, Boeing-757 arremete em SP

FABIANO MAISONNAVE
DA REPORTAGEM LOCAL

As assustadoras notícias vindas dos aeroportos brasileiros e o teto de nuvens desde os céus bolivianos já avisavam que ontem não era o melhor dia para embarcar num avião de Santa Cruz com destino a São Paulo.
Faltou muito pouco para o mau agouro ter ficado só na forte turbulência quando, a talvez centímetros do solo, o enorme Boeing-757 desistiu da pista do aeroporto de Guarulhos e arremeteu. Nunca havia visto tantas pessoas fazendo o sinal da cruz fora de uma igreja.
Os passageiros do vôo 300 da Aerosur saímos do aeroporto de Santa Cruz por volta das 10h locais sob uma forte chuva, provocando uma turbulência acima da média.
A viagem ficou realmente tensa nos procedimentos de aterrissagem, quando houve uma fortíssima turbulência, dessas que nos fazem lembrar da fragilidade de estar dentro de um pedaço de metal longe da terra.
Da janela da poltrona 13A(!), passava o tempo tentando identificar por onde sobrevoávamos. Eram quase 14h. Continuei vendo a pista crescendo pela janela e me preparava para absorver o baque. Em vez disso, o avião voltou a acelerar e subiu.
Depois de cerca de um (é chavão, mas é verdade) interminável minuto, veio o esclarecimento pelos alto-falantes: a torre de controle "não havia dado uma autorização clara" de aterrissagem. A informação, segundo a Aerosur, foi dada pelo Centro de Operações Aeroportuário (COA). A Aeronáutica, porém, diz que o avião arremeteu devido ao mau tempo.
Foram outros longos dez minutos no ar. Nova aproximação, e o avião finalmente tocou o solo. Refeito do susto, tentei o óbvio: entrevistar o piloto. Para a minha surpresa, era americano. A princípio, concordou em falar, mas, ao ver o bloquinho de repórter, desistiu, alegando "os problemas diplomáticos" entre o Brasil e o EUA -clara alusão ao colega que pilotava o Legacy quando ocorreu o maior desastre aéreo do país.


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