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depoimento
Quase tocando o solo, Boeing-757 arremete em SP
FABIANO MAISONNAVE
DA REPORTAGEM LOCAL
As assustadoras notícias
vindas dos aeroportos brasileiros e o teto de nuvens desde os céus bolivianos já avisavam que ontem não era o
melhor dia para embarcar
num avião de Santa Cruz
com destino a São Paulo.
Faltou muito pouco para o
mau agouro ter ficado só na
forte turbulência quando, a
talvez centímetros do solo, o
enorme Boeing-757 desistiu
da pista do aeroporto de
Guarulhos e arremeteu.
Nunca havia visto tantas pessoas fazendo o sinal da cruz
fora de uma igreja.
Os passageiros do vôo 300
da Aerosur saímos do aeroporto de Santa Cruz por volta das 10h locais sob uma forte chuva, provocando uma
turbulência acima da média.
A viagem ficou realmente
tensa nos procedimentos de
aterrissagem, quando houve
uma fortíssima turbulência,
dessas que nos fazem lembrar da fragilidade de estar
dentro de um pedaço de metal longe da terra.
Da janela da poltrona
13A(!), passava o tempo tentando identificar por onde
sobrevoávamos. Eram quase
14h. Continuei vendo a pista
crescendo pela janela e me
preparava para absorver o
baque. Em vez disso, o avião
voltou a acelerar e subiu.
Depois de cerca de um (é
chavão, mas é verdade) interminável minuto, veio o esclarecimento pelos alto-falantes: a torre de controle
"não havia dado uma autorização clara" de aterrissagem.
A informação, segundo a Aerosur, foi dada pelo Centro
de Operações Aeroportuário
(COA). A Aeronáutica, porém, diz que o avião arremeteu devido ao mau tempo.
Foram outros longos dez
minutos no ar. Nova aproximação, e o avião finalmente
tocou o solo. Refeito do susto, tentei o óbvio: entrevistar
o piloto. Para a minha surpresa, era americano. A princípio, concordou em falar,
mas, ao ver o bloquinho de
repórter, desistiu, alegando
"os problemas diplomáticos"
entre o Brasil e o EUA -clara
alusão ao colega que pilotava
o Legacy quando ocorreu o
maior desastre aéreo do país.
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