|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Doméstica confessa ter ateado fogo em aposentada
Presa em casa, ela disse ter ficado irritada porque pensão não estava em sua conta
Vítima teve 60% do corpo queimado e seu estado
é grave; segundo banco,
não era a data correta para receber o benefício
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
Presa ontem de manhã em
sua casa, no morro do Querosene, em São Gonçalo (região metropolitana do Rio), a doméstica Solange Ferreira dos Santos,
43, confessou ter ateado fogo
na aposentada Geci Peixoto
Gomes, 71, diante de uma agência do Itaú, na manhã de anteontem. Solange disse à polícia que estava com raiva, porque ninguém a "trata como
gente" e que não se arrepende
de ter agredido a aposentada.
Geci está no Hospital das Clínicas de Niterói em estado grave, com 60% do corpo queimado. Ela teve as vias respiratórias muito atingidas e sofre de
diabetes e hipertensão, o que
agrava o quadro. Em choque,
sua família não se pronunciou.
A polícia chegou a Solange
por meio do banco, no qual ela
tem conta. Ela disse à polícia
que estava com raiva porque
não havia conseguido receber
seu benefício -pensão por ser
filha de um 3º sargento da PM
morto. Solange disse à Folha
que esteve na agência pela manhã, para receber a pensão,
mas o dinheiro não estava na
conta. De acordo com o banco e
a Polícia Militar, ela não recebeu o benefício porque não era
a data para isso. Segundo a PM,
seria dia 10.
Solange ficou irritada e voltou para casa. Tomou banho,
trocou de roupa, pegou uma
garrafa pet no lixo e partiu para
o banco. "Parei num posto de
gasolina, comprei R$ 2 de gasolina e fui andando, fui para
atingir alguém do banco. Tem
uns guardas metidinhos a valente lá. Mas aí, vi [a aposentada] sentada lá e joguei a gasolina em cima dela, risquei o fósforo e pronto. Fui embora para
casa", contou Solange.
Ela disse que não estava "no
seu normal", mas que não se
arrepende. Afirmou que faz uso
de Amitril, um antidepressivo
de uso controlado.
Gritos
"Ouvi o pessoal gritando "fogo, fogo", achei que estavam
queimando um ônibus. Quando vi, era a velhinha. O cabelo
pegou fogo rápido e ela estava
com a pele toda enrugada. Nem
consegui dormir direito", contou Lubília Figueiredo, 53, que
trabalha ao lado do banco.
Segundo vizinhos de Solange, ela mora sozinha e costuma
gritar muito dentro de casa.
Disseram que ela havia contado
o que fizera, mas ninguém acreditou. "Ela chorava, chorava,
tremia as pernas e dizia que colocou fogo numa mulher. Dei
um calmante e ela dormiu a tarde inteira. Ninguém acreditou,
porque ela é perturbada da cabeça. Só depois, que vimos na
televisão que era verdade",
contou Jaqueline Marques, 25.
Texto Anterior: Outro lado: Medida coube a chefe da ação, diz secretaria Próximo Texto: "Estou fora do meu normal, mas não me arrependo" Índice
|