São Paulo, quinta-feira, 02 de novembro de 2006

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Doméstica confessa ter ateado fogo em aposentada

Presa em casa, ela disse ter ficado irritada porque pensão não estava em sua conta

Vítima teve 60% do corpo queimado e seu estado é grave; segundo banco, não era a data correta para receber o benefício


TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

Presa ontem de manhã em sua casa, no morro do Querosene, em São Gonçalo (região metropolitana do Rio), a doméstica Solange Ferreira dos Santos, 43, confessou ter ateado fogo na aposentada Geci Peixoto Gomes, 71, diante de uma agência do Itaú, na manhã de anteontem. Solange disse à polícia que estava com raiva, porque ninguém a "trata como gente" e que não se arrepende de ter agredido a aposentada.
Geci está no Hospital das Clínicas de Niterói em estado grave, com 60% do corpo queimado. Ela teve as vias respiratórias muito atingidas e sofre de diabetes e hipertensão, o que agrava o quadro. Em choque, sua família não se pronunciou.
A polícia chegou a Solange por meio do banco, no qual ela tem conta. Ela disse à polícia que estava com raiva porque não havia conseguido receber seu benefício -pensão por ser filha de um 3º sargento da PM morto. Solange disse à Folha que esteve na agência pela manhã, para receber a pensão, mas o dinheiro não estava na conta. De acordo com o banco e a Polícia Militar, ela não recebeu o benefício porque não era a data para isso. Segundo a PM, seria dia 10.
Solange ficou irritada e voltou para casa. Tomou banho, trocou de roupa, pegou uma garrafa pet no lixo e partiu para o banco. "Parei num posto de gasolina, comprei R$ 2 de gasolina e fui andando, fui para atingir alguém do banco. Tem uns guardas metidinhos a valente lá. Mas aí, vi [a aposentada] sentada lá e joguei a gasolina em cima dela, risquei o fósforo e pronto. Fui embora para casa", contou Solange.
Ela disse que não estava "no seu normal", mas que não se arrepende. Afirmou que faz uso de Amitril, um antidepressivo de uso controlado.

Gritos
"Ouvi o pessoal gritando "fogo, fogo", achei que estavam queimando um ônibus. Quando vi, era a velhinha. O cabelo pegou fogo rápido e ela estava com a pele toda enrugada. Nem consegui dormir direito", contou Lubília Figueiredo, 53, que trabalha ao lado do banco.
Segundo vizinhos de Solange, ela mora sozinha e costuma gritar muito dentro de casa. Disseram que ela havia contado o que fizera, mas ninguém acreditou. "Ela chorava, chorava, tremia as pernas e dizia que colocou fogo numa mulher. Dei um calmante e ela dormiu a tarde inteira. Ninguém acreditou, porque ela é perturbada da cabeça. Só depois, que vimos na televisão que era verdade", contou Jaqueline Marques, 25.


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