São Paulo, sexta-feira, 02 de novembro de 2007

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Cemitério celebra Dia de los Muertos com mariachis

Cemitério em Guarulhos convidou parentes para tradição mexicana

DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL

A equipe de marketing de um cemitério de Guarulhos decidiu inovar na celebração do Dia de Finados e realizou na noite de ontem, sob chuva, o 1º Dia de los Muertos.
"No México, o Dia de los Muertos é uma festa, com tudo mais alegre. As pessoas distribuem pães em forma de caveira ou de ossos. Aqui resolvemos fazer algo mais discreto, para não chocar", diz Priscila Sérvulo, assessora de imprensa do cemitério Primaveras.
Tradução de "discreto, para não chocar": depois que o padre realizou a missa, um quarteto de mariachis saiu de uma sala de velório tocando o "Tema de Lara". "O repertório tem que ser suave, romântico, não é para fazer festa", explicava Priscila ao mariachi-chefe Alberto Apache, minutos antes da apresentação. Ele orientava a reportagem: "Coloca só meu nome na matéria, porque os outros músicos só me acompanham".
O público-alvo da celebração foram familiares de pessoas que estão enterradas por lá, um cemitério-jardim famoso por abrigar os corpos dos integrantes do grupo Mamonas Assassinas, mortos em 1996.
Esses parentes receberam convites em casa com duas balinhas e dois "Biscoitos da Saudade", em formato de flores, que também foram distribuídos após a missa.
A programação continua hoje: haverá revoada de pombos brancos. "Serão 200, tudo pombo-correio. Custou uns R$ 1.600", conta Gisela Adissi, 32, diretora do cemitério. "Vale a pena, porque é um momento muito importante para todo mundo."
A única baixa na programação foram as velas que enfeitariam as alamedas do cemitério, para que os convidados pudessem transitar entre os jardins -idéia suspensa pela chuva.
"Adorei. A missa atrasou, mas a idéia é boa. Nos próximos anos vai melhorar", dizia Eliette da Rocha, 69, que tem os pais enterrados ali.
Sua irmã, Elza, avalia que "o cemitério está de parabéns pela iniciativa. Achei a cerimônia muito bonita. Sinto muita falta de meu marido [também enterrado ali], que morreu porque fumava muito. Tem mulher que não sente falta, mas eu sinto muito, ele era muito bom."

Para sempre
O pacote mais básico para quem não tem plano funerário no cemitério em questão custa R$ 10 mil (mais cerca de R$ 100 por semestre de taxa de manutenção). Se o dono do jazigo morre ou pára de pagar a tarifa semestral, outra pessoa deve assumir o custo. Para sempre?
"Sim, porque o jazigo não é um imóvel, é uma concessão", explica Gisela. Em caso de três anos de inadimplência, o corpo é exumado e vai para um depósito conhecido como ossário.


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