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Cemitério celebra Dia de los Muertos com mariachis
Cemitério em Guarulhos convidou parentes para tradição mexicana
DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL
A equipe de marketing de um
cemitério de Guarulhos decidiu inovar na celebração do Dia
de Finados e realizou na noite
de ontem, sob chuva, o 1º Dia de
los Muertos.
"No México, o Dia de los
Muertos é uma festa, com tudo
mais alegre. As pessoas distribuem pães em forma de caveira
ou de ossos. Aqui resolvemos
fazer algo mais discreto, para
não chocar", diz Priscila Sérvulo, assessora de imprensa do cemitério Primaveras.
Tradução de "discreto, para
não chocar": depois que o padre
realizou a missa, um quarteto
de mariachis saiu de uma sala
de velório tocando o "Tema de
Lara". "O repertório tem que
ser suave, romântico, não é para fazer festa", explicava Priscila ao mariachi-chefe Alberto
Apache, minutos antes da apresentação. Ele orientava a
reportagem: "Coloca só meu
nome na matéria, porque
os outros músicos só me acompanham".
O público-alvo da celebração
foram familiares de pessoas
que estão enterradas por lá, um
cemitério-jardim famoso por
abrigar os corpos dos integrantes do grupo Mamonas Assassinas, mortos em 1996.
Esses parentes receberam
convites em casa com duas balinhas e dois "Biscoitos da Saudade", em formato de flores,
que também foram distribuídos após a missa.
A programação continua hoje: haverá revoada de pombos
brancos. "Serão 200, tudo pombo-correio. Custou uns R$
1.600", conta Gisela Adissi, 32,
diretora do cemitério. "Vale a
pena, porque é um momento
muito importante para todo
mundo."
A única baixa na programação foram as velas que enfeitariam as alamedas do cemitério,
para que os convidados pudessem transitar entre os jardins
-idéia suspensa pela chuva.
"Adorei. A missa atrasou,
mas a idéia é boa. Nos próximos
anos vai melhorar", dizia Eliette da Rocha, 69, que tem os pais
enterrados ali.
Sua irmã, Elza, avalia que "o
cemitério está de parabéns pela
iniciativa. Achei a cerimônia
muito bonita. Sinto muita falta
de meu marido [também enterrado ali], que morreu porque
fumava muito. Tem mulher
que não sente falta, mas eu sinto muito, ele era muito bom."
Para sempre
O pacote mais básico para
quem não tem plano funerário
no cemitério em questão custa
R$ 10 mil (mais cerca de R$ 100
por semestre de taxa de manutenção). Se o dono do jazigo
morre ou pára de pagar a tarifa
semestral, outra pessoa deve
assumir o custo. Para sempre?
"Sim, porque o jazigo não é
um imóvel, é uma concessão",
explica Gisela. Em caso de três
anos de inadimplência, o corpo
é exumado e vai para um depósito conhecido como ossário.
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