São Paulo, sábado, 02 de dezembro de 2000

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SEGURANÇA
Rafik Louzada foi exonerado há 9 dias
Ex-chefe de polícia diz que sucessor não deve ficar até o fim do governo

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Exonerado há nove dias do cargo de chefe da Polícia Civil do Rio, o delegado Rafik Louzada disse à Folha que seu sucessor, delegado Álvaro Lins, não deverá ficar até o fim do governo Anthony Garotinho (sem partido).
Na análise de Louzada, as substituições de pessoas em cargos de chefias são normais na administração pública. O governador exonerou Louzada sob a alegação de que a Polícia Civil não estava conseguindo esclarecer a autoria de 90% dos crimes ocorridos no Estado. O delegado não quis polemizar com o governador.
"As únicas pessoas que podiam avaliar (o trabalho desenvolvido por Louzada na Polícia Civil) eram o governador e o secretário (Josias Quintal, coronel da Polícia Militar). Eles acharam que as taxas (de elucidação de crimes) estavam baixas e me substituíram. Como substituí um outro (delegado Carlos Alberto D'Oliveira). Como esse (Lins) certamente será substituído", disse ele.
Policial civil há 31 anos, Louzada, 61, pretende desfrutar de férias neste mês. Em janeiro, ele disse que se reapresentará à Polícia Civil, à espera de designação para uma nova função.
"Sou funcionário público. Preciso trabalhar. Vou ficar de férias em dezembro. Volto a trabalhar em janeiro", disse o delegado.
Ele insistiu ter considerado natural sua substituição por Lins, 28 anos mais novo que ele e delegado da Polícia Civil há apenas dois anos. Louzada evitou fazer críticas a Garotinho e aos responsáveis pela segurança pública no Rio. Ele também não quis falar sobre a possibilidade de a Comissão Parlamentar de Inquérito do Narcotráfico pedir seu indiciamento por suposta prática de extorsão.

Interpelação judicial
A Adepol (Associação dos Delegados de Polícia) anunciou que interpelará judicialmente o governador, que teria declarado que os policiais civis contrários à instalação do ISP (Instituto de Segurança Pública) estariam envolvidos em atos de corrupção.
"Se o governador confirmar a declaração, será processado", disse o delegado Wladimir Reale, presidente da entidade. A Adepol impetrou no Supremo Tribunal Federal ação que acusa de inconstitucional a lei que criou o ISP.


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