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Luz atrai surfistas noturnos ao Guarujá
Há dois meses torres de iluminação com sensores para ligar ao anoitecer foram instaladas ao lado do Morro do Maluf
Além dos moradores do
Guarujá, surfistas viajam
de outras cidades e até
do interior em busca de
ondas noturnas
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GUARUJÁ
Depois de um dia inteiro de
trabalho, Wellington Silva Sales, 29, o Primo, vai para casa,
toma um lanche e prepara a
prancha. Chega à praia de Pitangueiras, no Guarujá (litoral
de SP), às 21h, já de noite. No local, já há duas pessoas pegando
onda. Outras chegam ainda
mais tarde.
Há dois meses, é possível surfar até de madrugada ao lado do
Morro do Maluf, um dos principais "picos" do Guarujá. Lá, foram instaladas oito torres de
iluminação -com dois refletores de 1.000 watts cada uma.
"É bom depois de um dia estressante. Às vezes, fico lá no
fundo conversando com a galera, pegando uma onda ou outra", diz Primo.
O jovem trabalha das 8h às
18h em um museu dedicado à
memória do surfe, na frente do
ponto que ganhou os totens. O
dono do local, Alcino Neto, 38,
o Pirata, que sai às 19h do trabalho, é outro que está sempre
dentro d'água.
Mesmo sem uma das pernas
-amputada após um acidente
de moto quando tinha 15
anos-, ele dá aulas de surfe há
mais de dez anos e, com a ajuda
de uma prótese, não tem dificuldades em se equilibrar na
prancha. "À noite, é sempre um
desafio maior. É muito bom."
As torres ligam automaticamente, por meio de sensores,
ao escurecer. Desligam, com o
timer, entre 1h e 2h. Iluminam
todo o canto da praia.
Para o presidente da Associação de Surf do Guarujá, Ricardo
Simonian, 49, o Roley, a implantação dos holofotes é resultado de uma reivindicação de
quase 20 anos. "O objetivo é
possibilitar a prática do surfe a
quem trabalha durante o dia."
Segundo ele, são cerca de
4.000 surfistas só na cidade,
que aprovaram a novidade.
De longe
A atração tem feito com que
gente de longe visite o local, como o estudante de publicidade
Lucas Di Lorenzo, 20, o Chapolin, que mora em Campinas,
mas vai todos os finais de semana para o litoral.
"No busão, na sexta, eu já ligo
para saber como está o mar.
Chego na vontade", diz.
O jovem costuma recorrer a
um amigo, André Luiz Martins,
21, o Miquimba, também surfista, para ver qual o tamanho
das ondas e se vale a pena sair
correndo do interior.
Miquimba trabalha em um
restaurante à beira-mar como
ajudante de garçom e tem aproveitado a iluminação, já que só
sai do trabalho às 23h30.
"Eu fico olhando o dia todo.
Não vejo a hora de sair [do trabalho] e cair na água. Tem amigo meu que liga de São Paulo à
tarde para saber como está o
mar. Se falo que está bom, o cara faz até um bate-e-volta. Chega às 20h30 e volta para a capital às 23h", conta.
As oito torres custaram à
prefeitura R$ 62 mil.
Na quinta, quando a reportagem esteve no local, não havia
salva-vidas na praia, uma promessa na inauguração.
O secretário municipal de
Serviços Públicos, Rogério Lima Neto, diz que um convênio
será assinado nesta semana.
"Os surfistas, com treinamento
do Corpo de Bombeiros, já foram até selecionados. O sistema está preparado. Só falta assinar. Esse convênio vai durar o
ano todo."
Lima Neto afirma ainda que,
além de haver uma câmera de
vigilância no local, a Guarda
Municipal fará rondas à noite.
Colaborou MARIANA CAMPOS, da Agência Folha
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