São Paulo, terça-feira, 02 de dezembro de 2008

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Expectativa de vida aumenta e chega a 72,6 anos, diz IBGE

Esse aumento na taxa pode diminuir benefício de quem está para se aposentar; em 2006, taxa era de 72,3 anos

Como em anos anteriores, mulheres vivem mais que os homens; mortalidade masculina na faixa de 20 a 24 anos influi nesse item


DA SUCURSAL DO RIO

A expectativa de vida do brasileiro alcançou no ano passado o nível de 72,6 anos, um aumento de 5,6 anos em comparação com 1991. Esse aumento é explicado em parte pela melhoria da taxa de mortalidade infantil, que caiu no mesmo período de 45,2 bebês mortos por mil nascidos vivos para 24,3.
Em 2006, essa expectativa era de 72,3 anos, o que significa que em um ano o brasileiro ganhou, em média, uma sobrevida de quatro meses.
A mudança, anunciada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), interfere desde 1999 no cálculo das aposentadorias pagas pelo INSS. O Ministério da Previdência utiliza essa informação para calcular o fator previdenciário, mecanismo que diminui o valor do benefício de quem for se aposentar nos 12 meses seguintes à divulgação do aumento da expectativa de vida.
A maior expectativa foi verificada no Distrito Federal, onde a esperança de vida ao nascer chega a 75,3 anos, patamar igual ao verificado na Argentina hoje. No outro extremo, Alagoas, com 66,8 anos, está no mesmo nível da Mongólia, segundo a ONU.
É também em Alagoas que se verifica a maior mortalidade infantil do país: 50 bebês mortos antes de completar um ano de idade por mil nascidos vivos, nível próximo do verificado pela ONU em Bangladesh (52,5 anos). No outro extremo, o Rio Grande do Sul tem a menor taxa (13,5 por mil), mesmo patamar da Argentina (13,4).
O IBGE divulgou também que as mulheres continuam vivendo, em média, por mais tempo do que os homens. No ano passado, essa diferença foi de 7,6 anos (68,8 anos para homens, 76,4 para mulheres). A distância permanece praticamente estável desde 1991, quando era de 7,7 anos.
Um dos fatores a explicar a expectativa menor de homens é a sobremortalidade masculina na faixa etária de 20 a 24 anos, causada principalmente pelas mortes violentas (sobretudo assassinatos e acidentes de trânsito) de jovens do sexo masculino.
Segundo o IBGE, em 2007, nessa faixa etária a chance de um homem morrer era 4,2 vezes maior do que a de uma mulher. Em 1991, essa relação era 3,3 vezes superior.
Ainda segundo o instituto, aproximadamente nove pessoas morrem por hora no Brasil por causa de homicídios ou acidentes de trânsito. Em 2005, último ano para o qual há dados do Ministério da Saúde, 76.730 brasileiros foram assassinados ou morreram em acidentes de trânsito. Desse total, cerca de 40% dos mortos tinham entre 20 e 29 anos.
Juarez de Castro Oliveira, gerente de estudos e análises de dinâmica demográfica, lembra que essas mortes têm forte impacto na redução da expectativa de vida masculina.
"Estamos perdendo 2,9 anos de vida média [na taxa de expectativa de vida geral] por causa dessa morte precoce de jovens", diz Oliveira.

Violência afeta Sudeste
Justamente por terem maior mortalidade por causas violentas, os Estados do Sudeste apresentam sobremortalidade masculina mais acentuada.
A maior relação, no entanto, é verificada no Amapá, onde a chance de um jovem do sexo masculino morrer é 6,15 vezes superior à de uma mulher. O segundo Estado com maior relação é São Paulo, com sobremortalidade de 5,94 vezes.
No caso de São Paulo, no entanto, Oliveira afirma que essa taxa é calculada levando em conta os dados dos Censos Demográficos. Como o último censo foi divulgado em 2000, os dados do IBGE ainda não captam a redução no número de assassinatos verificados no Estado desde então.
Segundo o gerente do IBGE, somente após o Censo de 2010 esse cálculo será feito nessa pesquisa com mais precisão, e a posição de São Paulo, provavelmente, será melhor na comparação, caso o Estado mantenha a tendência de diminuição das mortes violentas.


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