São Paulo, terça-feira, 02 de dezembro de 2008

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Prisão recebe 2,3 kg de cocaína por semana

Escutas mostram que lucro de facção com a distribuição da droga chega a R$ 49 mil

Grupo de Repressão ao Crime Organizado fez denúncia contra nove integrantes do PCC que atuam principalmente no ABC


ANDRÉ CARAMANTE
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Escutas telefônicas realizadas pela polícia com ordem judicial revelaram que um núcleo da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) distribui em uma semana até 2,3 quilos de cocaína no interior do CDP (Centro de Detenção Provisória) Belém 2. O valor da negociação é de aproximadamente R$ 49 mil.
As escutas -realizadas entre agosto e outubro deste ano- constam em uma denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) do Ministério Público do ABC por formação de quadrilha e associação para o tráfico de drogas contra nove integrantes da facção que atuam principalmente no ABC e distribuem drogas em pelo menos seis unidades prisionais.
Segundo as escutas que constam na denúncia, apenas em uma semana de setembro, o grupo criminoso vendeu para detentos do CDP 2 do Belém dois quilos de "cocaína comercial" -misturada com outros elementos químicos para ter mais volume-, no valor de R$ 40 mil e 300 gramas de cocaína pura, vendidos a R$ 9 mil.
O chefe desse grupo, segundo a denúncia, é Marcelo Rossinholi, conhecido como "Velhote", preso em Presidente Venceslau. Ele seria o responsável pelo controle do tráfico, pela administração do patrimônio da facção e pelo cumprimento das regras do PCC no ABC.
Em outra denúncia do Gaeco, de setembro, ele foi apontado como um dos "juízes" do PCC, ordenando o seqüestro e a morte de quem infringisse as regras do PCC por julgamentos feitos por celular.
Outro dos nove denunciados é Ronaldo Roberto, o "Pateta", preso no CDP 2 do Belém à época da realização das escutas. Ele era o responsável pelo livro de registro de novos membros e pela entrada de drogas nas unidades prisionais.
Ele diz nas escutas telefônicas que a quadrilha consegue introduzir drogas em unidades prisionais em São Bernardo do Campo, Osasco, Franco da Rocha, Mirandópolis, Guarulhos, São Paulo (Butantã) e também em outros Estados.

Mulheres
O detento diz controlar um grupo de mulheres que entra em presídios e CDPs em dias de visita com cerca de 250 gramas de cocaína por vez.
Segundo o detento, que não diz a quantidade de mulheres envolvidas no esquema, cada uma delas consegue colocar entre um e dois quilos por semana de cocaína dentro do sistema prisional. Essas mulheres recebem entre R$ 500 e R$ 600 por cada entrada em presídio e chegam a entrar em mais de uma unidade por dia.


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