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Prisão recebe 2,3 kg de cocaína por semana
Escutas mostram que lucro de facção com a distribuição da droga chega a R$ 49 mil
Grupo de Repressão ao Crime Organizado fez denúncia contra nove integrantes do PCC que atuam principalmente no ABC
ANDRÉ CARAMANTE
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Escutas telefônicas realizadas pela polícia com ordem judicial revelaram que um núcleo
da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital)
distribui em uma semana até
2,3 quilos de cocaína no interior do CDP (Centro de Detenção Provisória) Belém 2. O valor da negociação é de aproximadamente R$ 49 mil.
As escutas -realizadas entre
agosto e outubro deste ano-
constam em uma denúncia do
Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime
Organizado) do Ministério Público do ABC por formação de
quadrilha e associação para o
tráfico de drogas contra nove
integrantes da facção que
atuam principalmente no ABC
e distribuem drogas em pelo
menos seis unidades prisionais.
Segundo as escutas que constam na denúncia, apenas em
uma semana de setembro, o
grupo criminoso vendeu para
detentos do CDP 2 do Belém
dois quilos de "cocaína comercial" -misturada com outros
elementos químicos para ter
mais volume-, no valor de R$
40 mil e 300 gramas de cocaína
pura, vendidos a R$ 9 mil.
O chefe desse grupo, segundo
a denúncia, é Marcelo Rossinholi, conhecido como "Velhote", preso em Presidente Venceslau. Ele seria o responsável
pelo controle do tráfico, pela
administração do patrimônio
da facção e pelo cumprimento
das regras do PCC no ABC.
Em outra denúncia do Gaeco, de setembro, ele foi apontado como um dos "juízes" do
PCC, ordenando o seqüestro e a
morte de quem infringisse as
regras do PCC por julgamentos
feitos por celular.
Outro dos nove denunciados
é Ronaldo Roberto, o "Pateta",
preso no CDP 2 do Belém à
época da realização das escutas.
Ele era o responsável pelo livro
de registro de novos membros e
pela entrada de drogas nas unidades prisionais.
Ele diz nas escutas telefônicas que a quadrilha consegue
introduzir drogas em unidades
prisionais em São Bernardo do
Campo, Osasco, Franco da Rocha, Mirandópolis, Guarulhos,
São Paulo (Butantã) e também
em outros Estados.
Mulheres
O detento diz controlar um
grupo de mulheres que entra
em presídios e CDPs em dias de
visita com cerca de 250 gramas
de cocaína por vez.
Segundo o detento, que não
diz a quantidade de mulheres
envolvidas no esquema, cada
uma delas consegue colocar entre um e dois quilos por semana
de cocaína dentro do sistema
prisional. Essas mulheres recebem entre R$ 500 e R$ 600 por
cada entrada em presídio e chegam a entrar em mais de uma
unidade por dia.
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