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TRÂNSITO
Morador protesta contra caçambas colocadas pela representação dos EUA em rua de SP
Consulado impede estacionamento
da Reportagem Local
Moradores e comerciantes dos
Jardins, bairro nobre na zona sudoeste de São Paulo, estão protestando contra uma série de medidas de segurança adotadas pelo
Consulado dos Estados Unidos.
O órgão diplomático, que ocupa
seis andares do edifício de número
933 da rua Padre João Manoel há
quase 20 anos, já havia instalado
cavaletes de madeira e faixas de
plástico em trechos da rua para
impedir que veículos estacionassem. A alegação: motivo de segurança.
Nas últimas semanas, depois do
atentado às embaixadas norte-americanas na África, que mataram
257 pessoas, os seguranças colocaram caçambas metálicas, para dificultar a transposição das barreiras -já que as faixas eram removidas por alguns moradores.
Também ocuparam quase que a
totalidade das duas faces do quarteirão na rua Padre João Manoel
com cavaletes e faixas, impedindo
que moradores e clientes das casas
comerciais parem seus carros. Há
zona azul na região.
Há discussões quase diárias na
rua, entre moradores e os seguranças do consulado -apelidados
de marines (fuzileiros navais).
"Muita gente pára o carro entre
os cavaletes, afastando as faixas.
Daí, os marines reclamam e acaba
tudo em bate-boca", diz a corretora de imóveis Maria Cristina
Barbosa de Oliveira, 47, que mora
há 18 anos no edifício Locarno, ao
lado do consulado.
Ela organizou um abaixo-assinado entre os moradores, colocou
uma faixa na rua e entrou com
uma ação no Ministério Público
solicitando esclarecimentos sobre
a legalidade das interdições.
"Ainda não tivemos resposta,
mas isso tudo é um absurdo. Os
marines ainda por cima dizem que
a ordem é do Clinton", reclama
Maria Cristina.
Os lojistas também reclamam.
"Muita gente não vem mais aqui
porque não tem mais onde parar o
carro", diz Paulo Watanabe, dono da eletrônica Yuki, instalada na
rua há 15 anos.
"E se realmente uma bomba explodir, todo mundo vai pro céu,
inclusive a gente. As caçambas
não protegem ninguém."
Os cavaletes são da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego),
mas a empresa não se manifestou
ontem sobre a legalidade das interdições.
A assessoria de imprensa do
Consulado dos Estados Unidos
afirmou que todas as embaixadas
e órgãos diplomáticos norte-americanos adotaram procedimentos
de segurança mais rigorosos depois dos atentados na África.
A assessoria disse que não há
prazo para a retirada das caçambas e dos cavaletes.
(FS)
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