São Paulo, quarta, 2 de dezembro de 1998

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TRÂNSITO
Morador protesta contra caçambas colocadas pela representação dos EUA em rua de SP
Consulado impede estacionamento

da Reportagem Local

Moradores e comerciantes dos Jardins, bairro nobre na zona sudoeste de São Paulo, estão protestando contra uma série de medidas de segurança adotadas pelo Consulado dos Estados Unidos.
O órgão diplomático, que ocupa seis andares do edifício de número 933 da rua Padre João Manoel há quase 20 anos, já havia instalado cavaletes de madeira e faixas de plástico em trechos da rua para impedir que veículos estacionassem. A alegação: motivo de segurança.
Nas últimas semanas, depois do atentado às embaixadas norte-americanas na África, que mataram 257 pessoas, os seguranças colocaram caçambas metálicas, para dificultar a transposição das barreiras -já que as faixas eram removidas por alguns moradores.
Também ocuparam quase que a totalidade das duas faces do quarteirão na rua Padre João Manoel com cavaletes e faixas, impedindo que moradores e clientes das casas comerciais parem seus carros. Há zona azul na região.
Há discussões quase diárias na rua, entre moradores e os seguranças do consulado -apelidados de marines (fuzileiros navais).
"Muita gente pára o carro entre os cavaletes, afastando as faixas. Daí, os marines reclamam e acaba tudo em bate-boca", diz a corretora de imóveis Maria Cristina Barbosa de Oliveira, 47, que mora há 18 anos no edifício Locarno, ao lado do consulado.
Ela organizou um abaixo-assinado entre os moradores, colocou uma faixa na rua e entrou com uma ação no Ministério Público solicitando esclarecimentos sobre a legalidade das interdições.
"Ainda não tivemos resposta, mas isso tudo é um absurdo. Os marines ainda por cima dizem que a ordem é do Clinton", reclama Maria Cristina.
Os lojistas também reclamam. "Muita gente não vem mais aqui porque não tem mais onde parar o carro", diz Paulo Watanabe, dono da eletrônica Yuki, instalada na rua há 15 anos.
"E se realmente uma bomba explodir, todo mundo vai pro céu, inclusive a gente. As caçambas não protegem ninguém."
Os cavaletes são da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), mas a empresa não se manifestou ontem sobre a legalidade das interdições.
A assessoria de imprensa do Consulado dos Estados Unidos afirmou que todas as embaixadas e órgãos diplomáticos norte-americanos adotaram procedimentos de segurança mais rigorosos depois dos atentados na África.
A assessoria disse que não há prazo para a retirada das caçambas e dos cavaletes. (FS)



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