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Prefeitura de São Paulo não pagou contas de luz durante quatro anos
THOMAS TRAUMANN
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos quatro anos em que administrou a Prefeitura de São Paulo,
Celso Pitta não pagou integralmente nenhuma das contas de luz
dos órgãos públicos municipais.
A dívida total, de acordo com a
concessionária de energia elétrica
Eletropaulo, é de R$ 595 milhões.
O acúmulo da dívida permite
que, em tese, a Eletropaulo possa
cortar o fornecimento de eletricidade a qualquer momento da gestão da prefeita Marta Suplicy. Isso
não deve ocorrer porque, depois
da sua eleição, a prefeita sinalizou
à Eletropaulo que pretende negociar a dívida.
"Estamos otimistas com a nova
gestão", afirmou a diretora de Comunicação e Relações Institucionais da Eletropaulo, Solange Ribeiro.
A administração Pitta reconhece o não-pagamento das contas,
mas afirma que é a Eletropaulo
que tem dívidas com o município.
A conta média mensal das repartições municipais de São Paulo é de R$ 11 milhões. Segundo a
Eletropaulo, a prefeitura vem pagando em média 10% deste valor
- o que inclui as contas do Palácio das Indústrias, onde fica o gabinete do prefeito.
Todas as escolas e hospitais municipais estão sem quitar suas
contas desde, pelo menos, 1996.
Algumas despesas estão atrasadas
há dez anos. Celso Pitta assumiu
em 97.
Representantes da prefeitura e
da Eletropaulo se reuniram várias
vezes em 1999 para discutir o impasse, mas não houve acordo.
Durante as reuniões, a Eletropaulo ameaçou realizar cortes seletivos do fornecimento de energia às repartições municipais.
Manteria o fornecimento a hospitais e escolas, mas cortaria a luz
das secretarias municipais. A
ameaça nunca foi cumprida.
Pela lei, a Eletropaulo pode cortar o fornecimento de energia de
qualquer consumidor após 45
dias de atraso no pagamento da
conta. Só não podem ser incluídos nesses cortes locais como
hospitais e cadeias e iluminação
pública de praças.
De acordo com a Eletropaulo,
R$ 540 milhões do débito se referem ao não-pagamento de contas
e R$ 55 milhões por obras de manutenção de iluminação pública.
Sem juros
A Eletropaulo ofereceu à administração Pitta a mesma proposta
aceita em 1999 por mais de 20 prefeituras e órgãos do governo paulista: perdão nas multas por atraso, parcelamento em até cinco
anos e atualização das parcelas
pelo IGPM da Fundação Getúlio
Vargas, sem juros.
No caso de atraso, haveria ainda
uma tolerância de 90 dias antes da
suspensão do fornecimento de
eletricidade e o cancelamento do
acordo de renegociação. A prefeitura não aceitou a proposta.
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