São Paulo, quinta-feira, 03 de janeiro de 2008

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Lula gastou 50% do previsto em transporte

Governo tinha R$ 10,8 bi para investimento e manutenção de estradas, ferrovias e hidrovias, mas só conseguiu usar R$ 5,4 bi

Orçamento para este ano, de R$ 6,9 bilhões, é menor do que o que estava previsto inicialmente para ser utilizado no ano passado

JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No ano passado, o governo Lula gastou apenas metade do orçamento destinado para o setor de transporte para investimento e manutenção. O Ministério dos Transportes tinha R$ 10,8 bilhões disponíveis para isso, mas só conseguiu usar R$ 5,4 bilhões (efetivamente pagos até dezembro) para obras que incluem, além de estradas, ferrovias e hidrovias.
Para 2008, o governo pretende liberar R$ 6,9 bilhões para toda a área (previstos no Projeto de Lei Orçamentária entregue ao Congresso no ano passado) -uma redução de 45% em relação ao orçamento disponível para 2007.
O governo federal reduziu em R$ 4 bilhões o orçamento para obras nas estradas federais neste ano em relação a 2007 -ano que registrou alta no dinheiro desembolsado para esse fim, de 20%, em relação a 2006.
Levantamento feito pela Folha no Siaf (Sistema Integrado de Administração Financeira) mostrou que, no ano passado, o governo federal gastou R$ 4,4 bilhões com obras em estradas. Muitos desses recursos foram destinados a obras da chamada Operação Tapa-Buraco.
Do total previsto para 2008, R$ 4,4 bilhões estarão disponíveis para obras em rodovias -o mesmo pago pelas obras em 2007. Mas, historicamente, o governo federal não consegue gastar o total disponível na Lei Orçamentária.
Nos feriados de Natal e Ano Novo, ocorreram 4.300 acidentes e 295 mortes nas rodovias federais, aumento de 35% em relação ao mesmo período do ano passado.
O Ministério dos Transportes diz que as estradas mais bem conservadas são um estímulo à "ousadia" no volante, o que justificaria o recorde de acidentes nas estradas nos feriados de Natal e Ano Novo, apesar do aumento dos investimentos. Por isso, o governo pretende investir agora em educação no trânsito.
O ministério usa como argumento uma estatística de que 70% das estradas federais estão em boas condições após os investimentos. No entanto, levantamento realizado há três meses pela CNT (Confederação Nacional dos Transportes) em 87 mil quilômetros de rodovias mostrou que 74% estavam em estado deficiente, ruim ou péssimo.

Sem sinalização
O presidente da seção de cargas da CNT, Flávio Benatti, lamenta que o governo culpe a imprudência dos motoristas. "A cada dois dias, morrem nas estradas o mesmo número de vítimas do acidente da TAM. Culpar os motoristas é muito fácil, mas os acidentes acontecem porque não há sinalização, acostamentos e faltam investimentos na duplicação das pistas", disse.
Benatti lembra que grande parte dos investimentos do governo foi feita na Operação Tapa-Buraco, anunciada em 2006 e repetida no início de 2007. "O governo investiu em recapeamento, em tapa-buracos que, na primeira chuva, ficam ruins novamente", afirma.


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