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Lula gastou 50% do previsto em transporte
Governo tinha R$ 10,8 bi para investimento e manutenção de estradas, ferrovias e hidrovias, mas só conseguiu usar R$ 5,4 bi
Orçamento para este ano, de R$ 6,9 bilhões, é menor do que o que estava previsto
inicialmente para ser utilizado no ano passado
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No ano passado, o governo
Lula gastou apenas metade do
orçamento destinado para o setor de transporte para investimento e manutenção. O Ministério dos Transportes tinha R$
10,8 bilhões disponíveis para isso, mas só conseguiu usar R$
5,4 bilhões (efetivamente pagos até dezembro) para obras
que incluem, além de estradas,
ferrovias e hidrovias.
Para 2008, o governo pretende liberar R$ 6,9 bilhões para
toda a área (previstos no Projeto de Lei Orçamentária entregue ao Congresso no ano passado) -uma redução de 45% em
relação ao orçamento disponível para 2007.
O governo federal reduziu
em R$ 4 bilhões o orçamento
para obras nas estradas federais neste ano em relação a
2007 -ano que registrou alta
no dinheiro desembolsado para
esse fim, de 20%, em relação a
2006.
Levantamento feito pela Folha no Siaf (Sistema Integrado
de Administração Financeira)
mostrou que, no ano passado, o
governo federal gastou R$ 4,4
bilhões com obras em estradas.
Muitos desses recursos foram
destinados a obras da chamada
Operação Tapa-Buraco.
Do total previsto para 2008,
R$ 4,4 bilhões estarão disponíveis para obras em rodovias -o
mesmo pago pelas obras em
2007. Mas, historicamente, o
governo federal não consegue
gastar o total disponível na Lei
Orçamentária.
Nos feriados de Natal e Ano
Novo, ocorreram 4.300 acidentes e 295 mortes nas rodovias
federais, aumento de 35% em
relação ao mesmo período do
ano passado.
O Ministério dos Transportes diz que as estradas mais
bem conservadas são um estímulo à "ousadia" no volante, o
que justificaria o recorde de
acidentes nas estradas nos feriados de Natal e Ano Novo,
apesar do aumento dos investimentos. Por isso, o governo
pretende investir agora em
educação no trânsito.
O ministério usa como argumento uma estatística de que
70% das estradas federais estão
em boas condições após os investimentos. No entanto, levantamento realizado há três
meses pela CNT (Confederação Nacional dos Transportes)
em 87 mil quilômetros de rodovias mostrou que 74% estavam
em estado deficiente, ruim ou
péssimo.
Sem sinalização
O presidente da seção de cargas da CNT, Flávio Benatti, lamenta que o governo culpe a
imprudência dos motoristas.
"A cada dois dias, morrem nas
estradas o mesmo número de
vítimas do acidente da TAM.
Culpar os motoristas é muito
fácil, mas os acidentes acontecem porque não há sinalização,
acostamentos e faltam investimentos na duplicação das pistas", disse.
Benatti lembra que grande
parte dos investimentos do governo foi feita na Operação Tapa-Buraco, anunciada em 2006
e repetida no início de 2007. "O
governo investiu em recapeamento, em tapa-buracos que,
na primeira chuva, ficam ruins
novamente", afirma.
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