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TRAGÉDIA NO RÉVEILLON
Mortes poderiam ser evitadas, diz geólogo
Claudio Palmeiro do Amaral (Uerj e PUC-Rio) afirma que país deveria investir em sistemas de percepção de risco, alerta e evacuação
"País está atrasado, as pessoas não têm costume-como no Japão e nos EUA, que têm treinamentos para terremotos", diz geólogo
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
Mortes por "escorregamento" de encostas, como as que
ocorreram na Ilha Grande e no
centro de Angra, poderiam ser
evitadas ou reduzidas se o país
tivesse mais "percepção de risco", fator decisivo nesses casos.
A afirmação é do geólogo
Claudio Palmeiro do Amaral
(Uerj e PUC-Rio), um dos
maiores especialistas do país.
Amaral é do Departamento
de Recursos Minerais do Rio e
passou o dia em Angra, com
uma comissão, vistoriando
áreas afetadas. Para ele, o Brasil
está atrasado em mecanismos e
percepção de risco que, com
um sistema de alerta e evacuação, poderiam evitar tragédias.
"Devem-se implantar nesses
lugares mecanismos considerando que, a partir de determinado índice de chuva, deva-se
evacuar a área", disse.
"Há uma ignorância de mecanismos e fatores. O país ainda
está atrasado, as pessoas não
têm costume, não está na agenda -como no Japão e nos EUA,
que têm treinamentos para casos de terremotos e tornados."
Na Ilha Grande, há apenas
cerca de 1 m ou 1,5 m de solo diretamente sobre a rocha, o que
facilita escorregamentos de
terra, que pega velocidade. Devido à grande inclinação dos
morros, a cobertura vegetal
-que pode conter deslizamentos em outros casos- é um fator menos relevante em relação
aos demais, afirma Amaral.
Ele diz que os deslizamentos
em Angra tiveram contribuição
humana -escavação, aterros,
construções. Mas, segundo
Amaral, "a mão humana é um
"plus'", nem sempre essencial
- Ilha Grande é um exemplo.
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