São Paulo, Quinta-feira, 03 de Fevereiro de 2000


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MEIO AMBIENTE
Pescadores dizem que há erros no cadastramento
Excluídos reclamam da lista de indenizações feita pela Petrobras

ISABEL CLEMENTE
da Sucursal do Rio

Houve confusão no primeiro dia de pagamento das indenizações aos pescadores prejudicados pelo vazamento de óleo da Petrobras na baía de Guanabara, no dia 18 de janeiro.
A Petrobras começou a pagar uma ajuda de custo mensal, que varia de R$ 150 a R$ 500, com base no seu cadastro, que tinha 5.463 nomes. Numa última triagem, a empresa retirou 246 nomes que estariam duplicados. Segundo a empresa, havia pescadores cadastrados em quatro postos.
A lista dos beneficiados está custando R$ 1.805.000 por mês à estatal, responsável pelo derramamento de 1.292 toneladas de óleo na baía.
Pescadores que não viram seus nomes na lista da empresa reclamavam na porta das agências bancárias e denunciavam que "pessoas que não têm nada a ver com a pesca" estavam recebendo dinheiro.
"Tem mecânico, motorista de ônibus e até policial cadastrado. A culpa é da própria Petrobras, que não nos consultou", disse Gilberto Alves, vice-presidente da Feperj (Federação dos Pescadores do Estado do Rio de Janeiro).
Entre os excluídos, havia pessoas que se cadastraram num dos 13 postos de atendimento da Petrobras e também pescadores que, por integrarem colônias, não cumpriram essa etapa acreditando que seriam automaticamente indenizados.
"Achei que a colônia ia resolver isso", disse o pescador Luís Henrique Barreto Rodrigues, 39, que há 12 vive da pesca.
Rodrigues e outros pescadores estavam na manhã de ontem na sede da colônia Z8, em Niterói (a 14 km do Rio), contrariados por não terem recebido a indenização.

Outro lado
A Petrobras informou que só pagou àqueles que preencheram a ficha nos postos de atendimento, comprovaram viver da pesca na baía e apresentaram algum documento oficial.
O pescador Sebastião da Conceição -40 anos de pesca - conta ter se inscrito no posto de Gradim, em São Gonçalo (a 20 km do Rio). Ele disse ter levado fotografia e duas testemunhas, menos documento. Seu nome não estava na lista. "Não vi nome igual ao meu", disse.
Em decisão anunciada na manhã de ontem, a Petrobras se comprometeu com as colônias a analisar um a um os casos de pescadores que não tenham recebido a ajuda de custo mensal prometida, até que a baía de Guanabara seja esteja livre do óleo e novamente liberada para a pesca.
A Federação Municipal das Associações dos Moradores e Comunidades Organizadas de Magé informou que faria o cruzamento dos cadastros das colônias de pescadores a ela filiadas com o da Petrobras para apontar os prováveis erros do cadastramento.
Até as 16h de ontem, 2.407 pescadores tinham recebido a indenização no primeiro dia de pagamentos.


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