|
Próximo Texto | Índice
VIOLÊNCIA
Cinco crianças, de 4 a 11 anos, foram flagradas em Marília após furtar uma casa; para a PM, um adulto as orientava
"Gangue da chupeta" age no interior de SP
EDMILSON ZANETTI
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
A Polícia Militar de Marília, no
interior de São Paulo, flagrou uma
""quadrilha" inusitada: cinco
crianças, com idade entre 4 e 11
anos, que praticavam furtos em
um bairro residencial. Uma delas
foi pega usando chupeta.
As crianças, que não tiveram
sua identidade divulgada, estavam sendo usadas por um ladrão
conhecido como Floriano, que está sendo procurado pela polícia.
A prática de Floriano era simples: as crianças, ""pagas" com dinheiro para doces e sorvetes, praticavam pequenos furtos em casas
e repúblicas de estudantes universitários, que costumam deixar a
cidade no período de férias.
Como as crianças são inimputáveis, ele escapa ileso de flagrantes.
A polícia já trabalhava com essa
hipótese, mas teve a confirmação
apenas na semana passada
Cinco crianças foram vistas pela
PM na rua com sacolinhas de supermercados. Tinham acabado
de furtar casas de universitários
no Jardim Cavalari, na zona oeste.
As sacolinhas continham toca-fitas, CDs, rádios e objetos de pequeno porte, cujo peso elas conseguiriam suportar.
Um garoto de 6 anos estava com
chupeta na boca, segundo o tenente Sugar Ray Robson Gomes,
que atendeu a ocorrência. O mais
novo tinha 4 anos. "Quando eu
perguntei onde eles tinham pego
aquilo, o pequenino me chamou
de tio, me deu a mão e me levou
até a casa, com uma inocência de
cortar o coração."
O caso foi encaminhado ao
Conselho Tutelar da Criança e do
Adolescente, cujos registros revelam que cerca de 10% dos atendimentos são de crianças envolvidas com furtos e atos de violência,
na condição de agentes de maiores. As crianças foram liberadas.
""Antigamente elas adquiriam
hábitos de rua com 12, 13, 14 anos.
Hoje, com 5, 6 anos já estão nas
ruas", disse Ricardo Alves Lopes,
do Conselho Tutelar.
Os números da Polícia Militar
confirmam a mesma realidade.
No ano passado, nas zonas norte e
oeste da cidade, 81 menores se envolveram em furtos, 30 em tentativas de furto e 14 em roubos com
uso de armas.
Em dezembro do ano passado,
de 69 ocorrências de furtos e assaltos, oito foram praticadas por
crianças, segundo a 1ª Companhia da Polícia Militar.
As crianças vivem com os pais,
que também não tiveram os nomes divulgados. Segundo a polícia, os pais de todas as crianças estão empregados.
Não existem dados oficiais sobre o número de crianças que vivem nas ruas em Marília, cidade
com 197 mil habitantes localizada
a 443 km de São Paulo.
Um programa da prefeitura,
criado em 1997 e intitulado Casa
do Pequeno Cidadão, abriga, em
cinco unidades, 800 crianças que
vivem em situações de risco. Elas
passam o dia em atividades voltadas para esportes, cultura e ensino profissionalizante.
Próximo Texto: Meninos de 8 e 10 depredam creche Índice
|