São Paulo, sábado, 03 de fevereiro de 2001

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INCÊNDIO

Uma das conclusões é que o cadeado que prendia barra de segurança dificultou o socorro a uma das vítimas graves

Laudo vê falhas na segurança da TV Globo

KARINE RODRIGUES
DA SUCURSAL DO RIO

Um cadeado prendendo a barra de segurança dificultou a retirada da menina Thamires Gomes Vallejo, 7, da cadeira da roda gigante onde ela estava sentada durante o incêndio no estúdio de gravação do programa "Xuxa Park". Esta foi uma das conclusões do segundo laudo elaborado pelo ICCE (Instituto de Criminalística do Carlos Éboli), divulgado ontem.
Thamires está internada no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital de Força Aérea do Galeão, no Rio. Ela foi uma das vítimas mais graves do incêndio, ocorrido no dia 11 de janeiro no Projac, cidade cenográfica da Rede Globo em Jacarepaguá.
"A barra de segurança com o cadeado permitia somente a retirada de crianças de compleição física regular ou franzinas. Como a Thamires é gordinha, isso atrapalhou", disse o delegado Zaqueu Teixeira, da 32ª Delegacia de Polícia, de Jacarepaguá (zona oeste).
De acordo com o laudo, de seis páginas, a roda gigante onde Thamires estava sentada deveria ser utilizada apenas como peça do cenário e não como brinquedo, como ocorreu. No momento do incêndio, outras cinco crianças estavam na roda gigante.
Os peritos do ICCE também concluíram que o vídeo exibido antes do início das gravações para orientar o público em situações de emergência não possuía informações detalhadas sobre o procedimento de saída. Além disso, uma parede de madeira teria atrapalhado a saída de quem estava nas arquibancadas do estúdio. O laudo afirma ainda que o combate inicial ao fogo, com a utilização de extintores, foi inócuo.
Em 25 de janeiro, o ICCE concluiu que o incêndio foi acidental e causado por curto-circuito no spot de luz giratório da nave que fazia parte do cenário. Teixeira solicitou esclarecimentos ao ICCE sobre algumas conclusões desse laudo. Ele quer informações sobre os fios elétricos com emendas encontrados pelos peritos na área da nave, onde começou o fogo.
O delegado informou que vai tomar depoimentos de outras pessoas que estavam no estúdio na hora do acidente. "Faltam ainda ouvir os vigilantes, o pessoal que manuseava a roda gigante e também os responsáveis pela infra-estrutura, além da Xuxa."
Cerca de 300 pessoas, entre elas 200 crianças, estavam no estúdio quando o incêndio ocorreu. Das 26 pessoas atendidas, 14 foram internadas. Entre as vítimas, os casos mais graves foram os de Thamires e do segurança da Xuxa, Leonílson Vieira de Oliveira, 47.


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