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COLAPSO NA SEGURANÇA
Sequestro de Olivetto acaba após 53 dias
Publicitário foi encontrado em cativeiro no Brooklin Novo, após pedir socorro aos vizinhos; grupo continua foragido
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de 53 dias mantido refém por um grupo de sequestradores estrangeiros, o publicitário
Washington Olivetto, 50, foi encontrado ontem, por volta das
22h40, no segundo andar de um
sobrado de classe média na rua
Kansas, número 40, no Brooklin
Novo (zona sul de São Paulo).
Moradores informaram à polícia que havia uma pessoa gritando e pedindo ajuda. Ao entrar,
policiais acharam um homem
que se identificou como Olivetto.
Segundo o soldado Gimenez, do
12º BPM, um dos primeiros a chegar ao local, Olivetto teria dito "eu
sou sequestrado, graças a Deus
vocês me acharam. Eu não vou esquecer", disse. Em seguida, ele
abraçou os policiais. Segundo a
polícia, ele tinha de se segurar nas
paredes para conseguir andar.
Com o cabelo mais comprido,
barba e visivelmente abatido, o
publicitário foi levado para a casa
de um cunhado para ser atendido
por um médico e, em seguida, para sua casa, nos Jardins. Foi levado em um Ômega pelo titular da
Delegacia Anti-Sequestro, Wagner Giudice. Chegou abaixado,
para evitar o assédio da imprensa.
O governador Geraldo Alckmin, em entrevista depois do sequestro com toda a cúpula da polícia, não descartou a possibilidade de crime político. Ele, porém,
não quis dar mais detalhes sobre
as investigações.
A polícia investiga a possibilidade de grupos estrangeiros da
América do Sul, entre elas as Farc
(Forças Armadas e Revolucionárias da Colômbia) e a Frente Patriótica Manuel Rodríguez, do
Chile, estarem envolvidos.
Segundo a polícia, o sequestro
chegou ao fim após a prisão de
parte de um grupo de sequestradores em Serra Negra (150 km de
São Paulo). A polícia chegou até
os sequestradores após o dono do
imóvel ter estranhado o pagamento da chácara em dólares (leia
texto na pág. 3).
O restante da quadrilha soube
da prisão quando tentou contato
com celulares do grupo. De acordo com Godofredo Bittencourt,
diretor do Deic (Departamento
de Investigações sobre o Crime
Organizado), a polícia teria permitido que os sequestradores presos entrassem em contato com o
restante do grupo para "avisá-los"
da situação.
Na madrugada de sexta para sábado, o restante do grupo teria
abandonado o cativeiro. A polícia
ainda não sabe quantas pessoas
estão foragidas.
Nos 53 dias de sequestro, a quadrilha teria mantido apenas três
contatos com a família, que pediu
para que imprensa e polícia ficassem fora do caso. Parentes contrataram uma empresa britânica,
especializada em gerenciamento
de crises, para cuidar das negociações.
O primeiro contato teria sido
feito uma semana depois do sequestro, quando um entregador
de uma floricultura entregou um
buquê com um bilhete de apenas
cinco linhas em letras de computador. "Estamos com o Olivetto.
O tempo que ele vai permanecer
com a gente depende de vocês."
Um anúncio no "Jornal do Brasil", publicado ontem, seria a
mensagem da família aos sequestradores de que já tinha o dinheiro pedido pelo grupo. O resgate,
cujo valor não foi divulgado, não
foi pago, segundo o governador.
O secretário da Segurança Pública, Saulo Castro de Abreu Filho, afirmou ontem que o fato de
terem abandonado Olivetto na
casa possa fazer parte de uma estratégia, geralmente usada por sequestradores estrangeiros, para
não haver o flagrante -o que evitaria caracterizar crime hediondo.
Segundo ele, o grupo ainda teria
dito que fez o sequestro por
"ideologia". "Mas eu não acredito
muito nisso", disse o secretário.
Ele também disse que pediu à
Polícia Federal que feche fronteiras e reforce segurança nos aeroportos para prender os demais sequestradores.
Olivetto foi sequestrado na noite de 11 de dezembro, quando deixava a agência W/Brasil, de sua
propriedade, e retornava para casa. O carro foi interceptado por
homens vestindo coletes da Polícia Federal.
O jornalista Juca Kfouri, amigo
da família, disse que o publicitário
passa bem e já foi medicado. Segundo ele, Olivetto teria sido
agredido durante o tempo que ficou em cativeiro. Ele também negou que o resgate tenha sido pago
pelos parentes.
"O sr. Washington Olivetto encontra-se, apesar do trauma, em
condições clínicas satisfatórias.
Seus parâmetros vitais são normais, com exceção da pressão arterial elevada imputável à especificidade deste momento. Recomendou-se, portanto, que o sr.
Washington permaneça em repouso familiar pelo prazo mínimo de 48 horas", diz a nota assinada pelo médico Zyun Masuda.
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