São Paulo, domingo, 03 de fevereiro de 2002

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25% do arsenal do crime vem do mercado legal

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma pesquisa do Iser (Instituto Superior de Ensino Religioso), a partir da análise de 47 mil armas apreendidas pela polícia do Rio de Janeiro, mostra que 25% das armas apreendidas com bandidos haviam entrado legalmente no mercado.
Esse é o principal argumento utilizado pelo Viva Rio, uma organização não-governamental fluminense, para pedir a aprovação do projeto de lei que proíbe a venda de armas a civis.
"Os cidadãos de bem que se armam acabam armando os bandidos. Essas armas são roubadas ou perdidas e acabam nas mãos do crime", diz o sociólogo Antônio Rangel Bandeira, coordenador de desarmamento do Viva Rio.
Realizada em 2000, a pesquisa revelou que 88,9% das armas apreendidas eram pistolas ou revólveres e 83% delas haviam sido produzidas no Brasil.
Rangel Bandeira acusa as empresas de segurança privada, a PF e a própria indústria bélica pela grande quantidade de armas nas mãos de bandidos.
Ele diz que é comum as empresas de segurança doarem armas a seus funcionários quando eles são demitidos, como forma de compensação pela inadimplência das obrigações trabalhistas.
"Em 2001, sumiram 10 mil armas vendidas legalmente às empresas de vigilância privada no Rio." Ele diz que não há controle no transporte das armas destinadas aos mercados interno e externo e afirma que falta fiscalização nas fronteiras.
Uma CPI realizada no Paraguai concluiu que só 20% dos contêineres enviados do Brasil para aquele país efetivamente chegaram a seu destino. Nos outros casos, apenas a papelada teria sido transportada. Por isso, em agosto de 2001, o Paraguai decretou uma moratória de três anos na importação de armas brasileiras.
O Viva Rio defende a redução de 20 anos para cinco anos no prazo que as armas envolvidas em crimes devem ficar à disposição da Justiça, como foi feito no Rio de Janeiro.


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