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Prefeitura de SP poderá suspender a licitação
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo poderá suspender hoje, temporariamente, a continuidade da licitação do novo sistema de transporte
coletivo, para evitar um choque
com os conselheiros do TCM
(Tribunal de Contas do Município) que, na sexta-feira, apontaram irregularidades no edital.
A entrega dos envelopes com as
propostas dos interessados está
marcada para hoje. Antes, será
anunciada a decisão definitiva da
administração Marta Suplicy.
O secretário dos Transportes,
Jilmar Tatto, informou na sexta
que não mudaria os cronogramas
da concorrência em razão das ressalvas do TCM. Um dia depois,
reconheceu a possibilidade. "Não
quero entrar em conflito", disse.
A Folha apurou que a prefeitura
não quis divulgar a suspensão antes para evitar a dispersão dos
participantes, que tinham até sexta-feira para depositar os valores
caução. Nenhuma viação que
atua hoje na capital paulista fez
esses depósitos, mas, segundo
Tatto, todos os oito lotes de concessão tiveram interessados.
Essa situação indica que, se a
prefeitura mantiver a entrega das
propostas para hoje, os atuais empresários de ônibus de São Paulo
estarão excluídos do novo sistema
por não terem depositado caução.
Embora defendam a substituição de parte dos operadores paulistanos, técnicos do governo avaliam que essa decisão, além de enfraquecer a disputa, elevaria os
riscos judiciais -já que desafiaria
os conselheiros do TCM e os
grandes empresários do setor.
Ao mesmo tempo em que cogita mudar os cronogramas, Tatto
defende a legalidade da concorrência e descarta a possibilidade
de fazer todas as alterações sugeridas pelo TCM -principalmente em relação à remuneração dos
operadores. A intenção seria discuti-las com os conselheiros e tentar respaldos jurídicos. "O novo
modelo acaba se tivermos que fazer essas mudanças", disse Tatto,
que classificou de "muito estranha" a decisão do TCM às vésperas da entrega dos envelopes.
Para ele, as viações de São Paulo
querem bloquear a implantação
do novo sistema de transporte.
"Elas querem ficar só no emergencial para, depois, tentar parar
a licitação na Justiça", afirmou.
Os empresários, porém, nem
sequer entregaram as propostas
para assinar os emergenciais, que
venceram no dia 31, e, desde anteontem, operam sem nenhum
vínculo formal com a prefeitura.
A Folha apurou que, embora
quisessem assiná-los, eles não fecharam essa contratação por causa de exigências intencionais da
prefeitura, que pretendia defini-la
só após a entrega dos envelopes
da licitação, marcada para hoje.
Essa estratégia da gestão Marta
visava garantir a assinatura dos
emergenciais apenas com os interessados na licitação, para antecipar as regras do novo sistema.
Tatto reconheceu que, sem contrato, as viações não têm a obrigação de manter os ônibus rodando.
"Se quiserem, podem devolver as
linhas. Eu as repasso aos perueiros", disse.
(ALENCAR IZIDORO)
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