São Paulo, sábado, 03 de fevereiro de 2007

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21 após acidente, só 20% das obras da linha 4 foram inspecionadas

Metrô diz que não havia problemas na região das 5 frentes de trabalho analisadas

ROGÉRIO PAGNAN
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Vinte e um dias após o pior acidente do Metrô de São Paulo, quando sete pessoas morreram soterradas, o governador José Serra (PSDB) ainda não pode assegurar à população estar excluído o risco de novos acidentes nas obras da linha 4.
No último dia 12, horas depois do acidente, Serra afirmou que iria solicitar ao consórcio uma inspeção na segurança das outras frentes de trabalho. A medida buscava, segundo ele, tranqüilizar os moradores vizinhos aos canteiros de obras.
A carta com o pedido de Serra foi enviada ao Consórcio Via Amarela cinco dias após o acidente, segundo o Metrô.
Até a tarde de ontem, ainda segundo a companhia, essa inspeção havia ocorrido em apenas cinco locais, ou 20% das 25 frentes de trabalho da linha 4-amarela. "Nos trechos analisados, não foi observada nenhuma anormalidade", diz trecho da nota enviada pelo Metrô.
Foram fiscalizadas, de acordo com a nota, as obras das estações São Paulo (Morumbi e Butantã) e os trechos de túnel entre o poço Valdemar Ferreira/Pinheiros e o poço Ferreira de Araújo/Pinheiros.
O cronograma da inspeção das outras frentes deve ser apresentado na próxima semana, de acordo com a nota. Procurado, o consórcio informou considerar suficiente a resposta dada pela estatal.
As garantias solicitadas pelo governador também são alvo de interesse de outros setores. Representantes do Ministério Público, sindicatos dos metroviários e da Assembléia Legislativa tentam, sem sucesso, a mesma resposta.
Na última terça, o presidente Luiz Carlos David era esperado na comissão da Assembléia que investiga o acidente, mas não compareceu. O deputado governista Orlando Morando (PSDB) afirmou que a principal pergunta preparada ao presidente era sobre as garantias.
"Ele [David] precisa vir aqui dar explicações. Dizer se garante não existir risco de novos acidentes", afirmou. David alegou não ter atendido ao convite dos parlamentares porque já tinha repassado a eles todas as informações de que dispunha.
O temor de novos acidentes levou o Sindicato dos Metroviários e a Federação Nacional dos Metroviários a pedir ao Ministério Público a interdição de toda a obra, até que as garantias fossem apresentadas pelo governo e pelo consórcio. Não tiveram sucesso.
O promotor da Habitação Carlos Alberto Amin Filho prometeu tomar providências para obter as garantias, como pedir à Justiça a busca e a apreensão de documentos no Metrô e no consórcio.
A Delegacia Regional do Trabalho de São Paulo interditou as obras na estação Pinheiros, onde ocorreu a tragédia. Até hoje, desde março de 2004, foram mais dez acidentes.


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