Vice-campeã no ano passado, escola homenageou centenário da imigração japonesa e usou muito papel picado e efeitos especiais

Águia de Ouro, Acadêmicos do Tucuruvi e Rosas de Ouro deixaram o Anhembi perfumado e distribuíram presentes para platéia

Caio Guatelli/Folha Imagem

Abre-alas da Vila Maria, com 104 metros e mais de cem integrantes; abaixo, a japonesa Yuka Shan, que desfilou pela escola

DA REPORTAGEM LOCAL

Num Carnaval marcado por aromas e brindes distribuídos no Anhembi, uma escola de samba que não utilizou desses artifícios para conquistar a arquibancada foi o principal destaque da primeira noite de desfiles em São Paulo.
A Unidos de Vila Maria, agremiação vice-campeã em 2007, entrou na avenida com fantasias coloridas, carros alegóricos criativos e um refrão de samba que empolgou a platéia em sua homenagem ao centenário da imigração japonesa.
Saiu da avenida sob os gritos de "é campeã", num sambódromo lotado (os 25 mil ingressos foram vendidos), que cantava: "E vamos comemorar/O centenário brindar....saquê".
Rosas de Ouro, que falou sobre perfume, e Nenê de Vila Matilde, que contou a trajetória do historiador Câmara Cascudo, também poderão entrar na disputa pelo título.
O desfile da Vila Maria teve muito papel picado e efeitos especiais. O abre-alas, com 104 metros, tinha mais de cem integrantes. Havia bonecos gigantes de samurais e gueixas e a presença maciça de japoneses.
Entre seus 4.500 componentes, a própria madrinha de bateria, Yuka Shan, 36, era uma autêntica japonesa.
A primeira noite do Carnaval de São Paulo teve aromas exalados na avenida por três das sete escolas que desfilaram.
Acadêmicos do Tucuruvi e Águia de Ouro se repetiram não só pela idéia do enredo sobre sorvete como pelos efeitos que deixaram a avenida cheirando sobremesa (chocolate e morango). Também distribuíram sorvetes para a platéia.
"O sorvete estava doce. O perfume, um pouco enjoativo. Mas chamaram a atenção", disse Josefa de Grandi, que estava em uma mesa na pista.
Já a Rosas de Ouro aproveitou para lançar fragrância de um perfume, a Rosaessência, que deverá ser comercializado. Até exagerou: quando o carro que reproduzia rosas passava, os olhos do público ardiam.
Assim como Águia e Tucuruvi, a Rosas também distribuiu brindes: jogou rosas e lenços perfumados à platéia.
Assistindo pela primeira vez aos desfiles em São Paulo, o carnavalesco Joãosinho Trinta afirmou que Nenê e Vila Maria são as "mais próximas de fazer um bom trabalho".

Problemas
Gaviões da Fiel, que abriu a primeira noite de desfiles falando da cidade de Santana de Parnaíba, e Águia de Ouro, que falou sobre sorvete, tiveram problemas que devem comprometer suas notas.
A Gaviões enfrentou falha da iluminação no abre-alas e correu no final para não ultrapassar os 65 minutos do desfile.
Na Águia, um carro teve seu eixo quebrado, passou torto na avenida e chegou a emperrar. O próprio carnavalesco tentava tirá-lo do lugar, ao lado de dezenas de empurradores, que saíram com mãos sangrando de tanto fazer força. O ponto positivo foi a bateria, que, assim como em 2007, saiu à frente da escola, com paradinhas e coreografias que empolgaram.
Quinta escola a desfilar, a Tom Maior homenageou a força econômica de São Paulo e também teve dificuldades, principalmente com fantasias - muitas simples, outras repetitivas. O presidente da agremiação, Marko Antonio Silva, contou que, na terça-feira, descobriu que 300 fantasias não estavam prontas. "Houve boicote do ateliê." A escola conseguiu, num mutirão, terminar 210. As últimas foram concluídas à 1h, pouco antes do desfile.
A Nenê falou sobre Câmara Cascudo o folclore do país. Teve como uma das atrações um carro alegórico que reproduziu uma cachoeira. Saiu da avenida quando já amanhecia e seu samba era cantado pela arquibancada. (ALENCAR IZIDORO, AFRABALAZINA, ALESSANDRA BALLES, EVANDRO SPINELLI e RICARDO WESTIN)


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