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PROTESTO
Imperador do Ipiranga terá ala contra cobaias
RAFAEL GARCIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Antes mesmo de entrar
no sambódromo, uma escola de samba paulistana
está provocando uma discussão nacional entre
cientistas, que estão preocupados com a imagem da
categoria. A Imperador do
Ipiranga, do Grupo de
Acesso (sétima a desfilar
na madrugada de domingo
para segunda) tem uma ala
de fantasias que é um protesto contra o uso de animais em pesquisas.
Concebida para integrar
o enredo "A Salvação do
Planeta é o Bicho!", a ala
critica o uso de cobaias. É
difícil deduzir o significado da fantasia "Animais no
ensino e pesquisa" apenas
por observação, mas o carnavalesco Anselmo de Brito, autor do figurino, explicou à Folha.
"É um [monstro de]
Frankenstein", como se
fosse criação de laboratório, e ele carrega nas costas ratinhos que são usados em laboratório, coelhos também", diz. Completa a fantasia uma seringa gigante em alusão ao
sofrimento das injeções.
"Veremos também fantasias de domadores, com
leões pulando rodas de fogo, representando o mau-trato no circo" conta Anselmo de Brito.
O "Frankenstein" cor-de-rosa poderia até passar
desapercebido, mas, em
janeiro, um comunicado
de imprensa sobre o enredo chegou ao farmacólogo
carioca Renato Balão Cordeiro, que encaminhou a
mensagem por e-mail a
vários cientistas.
O teor da crítica os deixou inquietos. "Um carnavalesco sério aproveitaria
essa oportunidade e mostraria também a importância da experimentação
animal para a saúde humana e para a dos animais", diz Cordeiro. "A vacina que temos contra a
febre amarela agora, por
exemplo, saiu da experimentação animal."
Particularmente decepcionada ficou a bióloga
Anamaria Feijó, que defende o uso minimizado
de animais e até o diálogo
com ativistas. "Isso é
agressão à ciência e não
contribui para o diálogo."
A polêmica criação do carnavalesco Brito foi, em
parte, concebida por Altina Mabellini, diretora da
ONG Tribuna Animal, que
orientou a escola de samba (e exigiu que não se
usasse penas). "Eu queria
divulgar a proteção animal. Se eles [cientistas] se
sentiram ofendidos, não
posso fazer nada."
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