Homem se ofereceu de guia e atirou nos jovens; rapaz morreu e menina esperou 18h por socorro

Pai do universitário saiu à procura do filho e encontrou os dois em uma pequena caverna; criminoso, ainda não identificado, está foragido

DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MATINHOS

Um casal de universitários de Curitiba foi atacado no sábado durante um passeio pela trilha de um morro no município de Matinhos (110 km de Curitiba), no litoral do Paraná.
O rapaz, de 22 anos, foi morto a tiros. A namorada dele, de 23 anos, foi baleada, mas sobreviveu depois de ficar à espera por socorro por cerca de 18 horas.
Segundo a polícia, o caso está sendo tratado como uma tentativa de assalto que terminou com o estupro da garota. O criminoso está foragido.
O delegado Luiz Alberto Cartaxo de Moura diz que o crime foi cometido por um homem que se fez passar por guia para conduzir o casal pelas trilhas íngremes do morro, usada para dar acesso a uma pequena e deserta costa de mar, conhecida como praia dos Amores.
Equipes compostas por 35 policiais civis e militares estão envolvidas na investigação. O único relato colhido pelos socorristas do Corpo de Bombeiros, com base na descrição da sobrevivente quando foi resgatada, é de um homem entre 28 e 30 anos, cerca de 1,80 m, pele morena clara e cabelos curtos com sinais de calvície na testa.
De acordo com a polícia, eram 17h de sábado quando o homem abordou o casal no início do acesso à trilha. Dizendo conhecer a região, ele se ofereceu para conduzi-los. Em um trecho da trilha cercado por mata fechada, o criminoso armado com um revólver anunciou o assalto, mas o casal não tinha dinheiro ou celulares.
O bandido, segundo a polícia, obrigou, então, os dois a seguir até uma pequena caverna, onde mandou a menina tirar a roupa. O namorado reagiu e foi baleado duas vezes: no peito e nas costas. Morreu na hora.
Já a menina, que a polícia investiga se tentou fugir ou também reagiu para impedir o ataque, foi baleada duas vezes nas costas. Em razão do estado de choque da vítima, a polícia não teve condições de precisar se o criminoso a estuprou em seguida à morte do namorado ou se ele voltou ao local mais tarde.
Pelo relato da sobrevivente aos bombeiros, o assaltante regressou por volta das 21h, quando a estuprou e sumiu.
O alarme do desaparecimento foi dado à polícia pelo pai do universitário, um engenheiro aposentado. Preocupado com a demora, ele lembrou que o casal o avisou, segundo o delegado, do passeio.
Com a ajuda de um vendedor ambulante, o aposentado subiu o morro por volta das 10h de domingo e chegou à gruta, onde viu o corpo do filho e a namorada, deitada sem conseguir se movimentar por causa dos tiros que levou na coluna. Os bombeiros a retiraram do local por volta das 13h30 de anteontem.
Ontem à tarde, a menina foi transferida para um hospital em Curitiba. O estado de saúde dela é grave, mas estável.
Coberto por densa mata, o Morro do Boi é rodeado pelas praias mais movimentadas durante a temporada de verão.
Até o crime, segundo relatos de moradores e comerciantes da orla, o morro sempre foi visto como um refúgio tranquilo.
"Trabalho há mais de dez anos aqui e nunca ouvi nada parecido", diz o vendedor de sorvetes João Batista Rodrigues.


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