São Paulo, quarta, 3 de fevereiro de 1999

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EDUCAÇÃO
Empresas especializadas fazem promoções, negociam individualmente e dão descontos na cotação da moeda americana
Dólar caro derruba procura por intercâmbio

da Sucursal do Rio

Na tentativa de manter a clientela, as empresas especializadas em programas de intercâmbio e em cursos no exterior estão fazendo promoções, realizando negociações individuais e até dando desconto na cotação do dólar.
As medidas têm relação direta com a crise econômica vivida pelo país e que é consequência da desvalorização do real.
Os efeitos já foram sentidos em janeiro. Na comparação com o mesmo mês de 98 houve queda da procura e dos negócios fechados.
A agência de viagens Chanteclair, do Rio, por exemplo, não fechou nenhuma venda de curso de línguas para o exterior desde que a cotação do dólar subiu.
"A situação está muito difícil, ninguém sabe o que vai acontecer", afirma o presidente da empresa, Wilson Carvalhal. Antes da crise, diz ele, eram de 15 a 20 consultas diárias sobre um curso na Grande Los Angeles, "e dava para fechar de dois a três contratos por dia". Agora, não fecha nenhum.
O STB (Student Travel Bureau) e a Experimento, duas das mais tradicionais empresas que atuam nesse segmento, registraram queda de até 20% do volume de negócios fechados e de até 30% na procura.
A explicação para o desempenho é simples. Como os preços dos cursos e as taxas são em dólar, ficou mais caro estudar no exterior. Dependendo da escola e do curso, ficar quatro meses no exterior pode custar até R$ 8.000.
"Muita gente que planejou a viagem está se reprogramando", diz Patrícia Zochhio Barros, diretora da Experimento no Brasil. A empresa vendeu 60 programas no mês passado contra 76 em janeiro de 98. As consultas, no mesmo período, caíram de 450 para 393.
Para tentar driblar a crise, voltando a atrair seus clientes, a EF Cursos de Idiomas no Exterior, do Rio de Janeiro, está fazendo uma promoção: desconto de R$ 0,20 na cotação do dólar. Assim, por exemplo, para o dólar turismo cotado a R$ 1,84 a EF está fechando o negócio com uma cotação da moeda norte-americana em R$ 1,64.
Reduzir as taxas de inscrição é outra alternativa adotada na tentativa de manter os clientes. No STB, os estudantes que têm carteirinha internacional não pagam os US$ 150 de taxa de inscrição. Os outros pagam US$ 50.
"Dependendo do tipo de programa, é uma redução significativa, que pode chegar a 10% do total do curso", diz Christiana Bicalho, diretora de marketing do STB.
Na Experimento, a inscrição caiu de US$ 300 para US$ 150.
O parcelamento e negociação de descontos com as escolas no exterior permitiram que o STB mantivesse boa parte dos contratos -foram fechados 475 em janeiro contra 500 no mesmo mês do ano passado.



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