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CAMPINAS
Além do grupo de Andinho, preso na última segunda-feira, há pelo três quadrilhas que se especializaram nesse tipo de crime
Sequestro continuará na região, diz polícia
MÁRIO TONOCCHI
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
RICARDO BRANDT
EDITOR-ASSISTENTE DA FOLHA CAMPINAS
A prisão de Wanderson Newton
de Paula Lima, 23, o Andinho,
não vai pôr fim aos sequestros na
região de Campinas. A polícia já
identificou pelo menos outras três
quadrilhas que se especializaram
nesse tipo de crime.
Além disso, os grupos organizados não são fechados nem possuem membros fixos. De acordo
com o delegado titular da Deas
(Delegacia Especializada Anti-Sequestro) de Campinas, Joel Antônio dos Santos, 46, essa dinâmica
de atuação dos bandos permite a
continuidade dos sequestros.
"Há troca de integrantes ou a
"requisição" de um membro de
uma quadrilha para atuar em um
crime que está prestes a ser cometido por outra", afirmou.
Santos disse que as prisões e as
mortes de alguns integrantes do
grupo vão apenas "aliviar" o índice de sequestros na região.
"Uma quadrilha foi desmontada, mas as demais continuam
atuando. Acredito que, momentaneamente, o número desse tipo
de crime vai diminuir, mas deve
voltar a crescer", disse Santos.
Em 2001, a Polícia Civil registrou 39 sequestros na região. Somente nos dois primeiros meses
deste ano, foram nove casos. Uma
das vítimas foi a dona-de-casa
Rosana Melotti, 52, assassinada
em frente à sua casa em Campinas
no último dia 10 de janeiro.
Juntos, os líderes do grupo de
Andinho espalharam medo pela
região nos últimos dois anos, arrecadaram pelo menos R$ 2,8 milhões em ações de sequestro e
contaram com a participação de
integrantes da polícia para atuar.
Pelo menos 19 sequestros, quatro ações de resgate de presos (em
São Paulo, Hortolândia, Sumaré e
Americana) e 12 assassinatos são
atribuídos ao grupo.
"O Andinho conseguiu reunir,
numa mesma base de quadrilha,
criminosos muito perigosos. Apesar de ser analfabeto, ele conseguia articular muito bem a quadrilha em ações ousadas", afirmou o delegado da Deas.
Para a professora de psicologia
forense da PUC-Campinas Maria
de Fátima Franco dos Santos, criminosos como Andinho se agrupam com pessoas com o mesmo
perfil psicopata e acabam se tornando "dependentes".
A polícia apontou Anderson José Bastos, o Anso, Valmir Conti, o
Valmirzinho, e Valdeci de Souza
Moura, o Fiinho, como os mais
violentos do grupo. Os três já foram mortos em ações da polícia.
O líder Andinho foi preso na última segunda-feira. Há, no entanto, outros membros da quadrilha
que ainda estão foragidos: Cristiano Nascimento de Faria, 25, o
Cris, Claudenor Henrique Marinho, o Timba, Fábio Conti, 23,
Roberto Custódio Júnior, 32, e
Romilson Rosa Tosta, 34.
De acordo com o delegado,
quem participou de crimes com a
quadrilha de Andinho vai acabar
levando essa "tecnologia" do crime para outro grupo.
O know-how da quadrilha de
Andinho, segundo Santos, evoluiu com o passar do tempo. "No
início, eles entravam nas casas para roubar os pertences das vítimas. Depois, passaram a exigir dinheiro para não levar alguém da
família e, a seguir, passaram a levar uma das pessoas das casas assaltadas em sequestros rápidos,
com baixo valor de resgate", disse.
O ápice do bando, segundo o
delegado da Deas, aconteceu depois do assassinato de Rosana
Melotti. "A partir desse momento, a quadrilha começou a fazer
um sequestro atrás do outro. Temos investigações que mostram
que uma vítima era sequestrada
antes mesmo de a outra ser libertada com pagamento do resgate."
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