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SAÚDE
Câncer raro é confundido com alergia
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao fazer o auto-exame para a
prevenção do câncer de mama, as
mulheres devem observar se há
irritação na área que envolve o bico e a aréola do seio.
Sintomas parecidos com uma
alergia, como coceira e vermelhidão, podem ser o sinal da doença
de Paget, um tipo raro de câncer
de mama que afeta de 1% a 2%
das mulheres vítimas de câncer.
No Brasil, o câncer de mama é a
principal causa de morte entre as
mulheres. Estima-se que o ano
passado tenha sido fechado com
31.590 novos casos da doença.
A doença de Paget pode estar
associada ou não a um tumor maligno na parte interna do seio. Por
isso, o diagnóstico correto da lesão externa e o rápido tratamento
são fundamentais.
"Muitas vezes, a irritação é confundida com uma dermatite e tratada com cremes e outros produtos dermatológicos. Isso só retarda uma ação efetiva contra a
doença", afirma Edison Mantovani Barbosa, 52, coordenador do
Departamento de Mastologia do
IBCC (Instituto Brasileiro de
Controle do Câncer).
Foi exatamente o que aconteceu
com a comerciante Ana Chiarette,
48. Durante seis meses ela tentou
curar uma ferida no seio direito
com banhos e cremes indicados
por amigas. "Nunca imaginei que
pudesse ser câncer, até perceber o
aumento da ferida e um líquido
saindo do bico do seio", conta.
De acordo com Barbosa, no estágio mais avançado da doença de
Paget surgem feridas que acometem não apenas o bico do seio,
mas também a aréola. Dores e secreção são outros sintomas.
Pedro Aurélio Ormonde, 47, diretor do Hospital de Mastologia
do Inca (Instituto Nacional do
Câncer), diz que ainda não há
consenso se os gânglios aparecem
antes ou depois das feridas.
Ele afirma que fazer a biopsia
das feridas é o primeiro passo para a confirmação (ou não) do
diagnóstico de câncer.
Também é pedida uma mamografia -exame radiológico dos
tecidos moles da mama-, que
ajuda a detectar lesões na parte interna do seio, nem sempre descobertas no exame de apalpação.
Caso o diagnóstico de câncer seja confirmado, são indicados a cirurgia e um tratamento complementar com quimioterapia ou radioterapia. Às vezes, é preciso associar os dois tratamentos.
O tipo de cirurgia a ser feito vai
depender de fatores como a extensão da lesão na pele e a relação
entre as dimensões do tumor e o
tamanho da mama.
Segundo o médico Edison Barbosa, em tumores de até dois centímetros, que tenham atingido a
região atrás da aréola, pode-se
tentar uma cirurgia conservadora, retirando toda a área central da
mama, que inclui a aréola e a papila. Nesse caso, a reconstrução
da mama é mais simples.
No entanto, caso o comprometimento seja mais extenso e o tumor tiver atingido a região das
axilas, por exemplo, o único caminho é a mastectomia, onde toda a mama precisa ser retirada.
Em estágios avançados, a doença de Paget pode causar metástases em ossos (a mais comum),
pulmões, fígado e cérebro.
Porém, segundo o mastologista
Luiz Henrique Gebri, 44, chefe do
Departamento de Mastologia da
Unifesp (Universidade Federal de
São Paulo), por ser visível, esse é
um tipo de câncer de mama que
as mulheres detectam rapidamente e que raramente chega ao
estágio avançado.
O alerta serve também para os
homens. Assim como acontece
com o câncer de mama, eles também podem ser acometidos pela
doença de Paget.
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