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TRANSPORTE
Linhas chegam a ter índice de 8,2 passageiros por m2, número duas vezes superior ao limite considerado confortável
Trens de SP têm lotação além do suportável
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O sistema de transporte sobre
trilhos na Grande São Paulo mantém níveis de lotação em horários
de pico que superam os limites
admissíveis de conforto, de acordo com pesquisas da CPTM
(Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos) e do Metrô.
A linha 3-vermelha (Leste/Oeste) do Metrô e a linha A de trem
(Francisco Morato-Brás) chegam
a ter índices de, respectivamente,
8,2 e 7,4 passageiros por m2. O parâmetro considerado confortável
é quando há até quatro usuários
por m2. O nível "suportável", conforme referências internacionais,
é de até seis por m2.
"Acima desse índice, a zona de
desconforto é realmente muito
grande", afirma Atilio Nerilo, superintendente de planejamento e
monitoração da qualidade do serviço da CPTM.
A medição do Metrô é baseada
em cálculos da empresa em 2002.
A da CPTM é resultado de uma
pesquisa inédita, obtida pela Folha, feita pela Teknites Consultores Associados, nas seis linhas do
sistema, a partir de 535 mil entrevistas no final de 2001.
A lotação atinge níveis inadequados justamente em um momento de expansão da demanda
do sistema sobre trilhos, principalmente nas linhas dos trens urbanos, em contraposição à queda
drástica dos passageiros nos ônibus municipais de São Paulo (leia
texto nesta página).
Na malha de 270 km da CPTM,
os índices superam a marca "suportável" em duas das seis linhas:
além da A, a E (Guaianazes-Brás)
chega a ter 6,6 usuários por m2.
Na malha de 50 km do Metrô
(sem contar os 9,4 km da linha 5-lilás, do Capão Redondo ao Largo
Treze, inaugurada no final de
2002), além da linha 3-vermelha, a
lotação ainda atinge 6,8 por m2 na
linha 1-azul (Norte-Sul).
Esses índices também ultrapassam as referências de lotação dos
ônibus urbanos. Uma resolução
do Conmetro (Conselho Nacional
de Metrologia, Normatização e
Qualidade Industrial), de 1993,
aponta um nível máximo de cinco
passageiros por m2 -que é considerado pela SPTrans (São Paulo
Transporte, órgão da prefeitura
que cuida do setor) nos contratos
com as viações paulistanas.
Os dois modos de transporte
(trem e metrô) também mantêm
ligações subutilizadas, com lotações abaixo do limite de conforto.
A pesquisa encomendada pela
CPTM identificou que a linha C
(Osasco-Jurutuba), que circunda
a marginal Pinheiros, por exemplo, tem picos máximos de 2,8
passageiros por m2.
Na linha 2-verde do Metrô (ramal Paulista), a lotação máxima
não passa de 3,9 por m2, nos horários de pico da tarde.
Concentração
A CPTM avalia que uma das
principais dificuldades para solucionar os níveis inadequados de
ocupação nos trens é a concentração de 52,5% das viagens exclusivamente nos horários de pico
-das 5h às 8h e das 16h às 19h.
Essa demanda concentrada se
deve à utilização do sistema principalmente para trabalhar -85%
dos passageiros declaram essa razão da viagem.
"A situação só é grave nos picos.
Nos demais períodos, os trens ficam subutilizados", afirma João
Carlos de Campos Leme, sociólogo que participou da coordenação
técnica da pesquisa da CPTM.
O levantamento será utilizado
pela empresa para reprogramar a
oferta dos trens, mas, para Leme,
essa não é uma solução definitiva.
"Temos que ordenar a cidade, e
não só satisfazer os excessos. O
reescalonamento dos horários de
trabalho é uma alternativa", diz.
No Metrô, Conrado Grava de
Souza, gerente de operação, afirma que a disponibilidade de mais
trens na linha 3-vermelha não é
tecnicamente possível. Ele diz que
a lotação dela nos picos já chegou
a atingir 8,5 passageiros por m2
em 2001.
"A demanda de transporte na
zona leste é grande, e a oferta é
restrita. A situação só vai melhorar depois das novas obras", diz
Souza, em referência aos projetos
de ampliação da linha 2-verde, ligando a estação Ana Rosa ao Sacomã, e da Integração Centro.
Esse projeto prevê interligar as
linhas E e F da CPTM, na zona leste, às estações Luz e Barra Funda
do Metrô, sem a necessidade de
transferências.
A conclusão das linhas era prometida pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB) para os últimos meses do ano passado, mas as obras
sofreram atrasos e só devem ficar
prontas na metade deste ano, segundo a CPTM.
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