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São Paulo, segunda-feira, 03 de março de 2003

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Agremiações do Rio falam sobre pacifismo na apresentação de hoje; Beija-Flor leva integrante como Cristo e pode causar polêmica

Escolas pedem paz e põem religião no samba

ANTÔNIO GOIS
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO

A paz e a polêmica vão andar lado a lado no desfile de hoje. Beija-Flor e Mangueira, duas das escolas mais tradicionais do Rio de Janeiro, apresentarão enredos pacifistas, mas que podem desagradar aos que não gostam de ver misturadas imagens religiosas com a festa.
Antes de entrar na avenida, a escola que mais polêmica causou foi a Beija-flor, que homenageará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com uma estátua de 9,5 m. A agremiação foi criticada por ensaiar uma cena em que, num confronto armado entre Cristo e o Diabo, um menino de rua é morto com uma bala perdida.
O carnavalesco Luiz Fernando do Carmo, o Laíla, diz que a cena foi suavizada, mas que a escola não deixará de desfilar com um integrante representando Cristo, talvez negro, mas sem arma.
A Mangueira foi alvo de polêmica ao receber R$ 800 mil de empresários da comunidade judaica do Rio para falar da trajetória de Moisés e dos Dez Mandamentos. A escola e a doação foram criticadas por líderes judaicos, que não concordavam com a mistura de religião com uma festa pagã. A doação não foi retirada.
O desfile será aberto pela Tradição, com um enredo sobre Ronaldinho e o pentacampeonato da seleção brasileira.
Em seguida, a campeã do ano passado, Mangueira, vai defender seu título com enredo sobre a paz que conta a história do povo judeu. Na mesma linha pacifista, a Beija-Flor tentará em seguida escapar da sina de ter sido vice-campeã nos últimos quatro carnavais com o enredo "O Povo Conta a sua História. Saco Vazio Não Pára em Pé. A Mão que Faz a Guerra Faz a Paz".
Já na madrugada de amanhã, entrará na avenida a Unidos da Tijuca, que tentará dar um tratamento original a um dos temas mais abordados na história dos desfiles: a herança e a história do negro no Brasil. O enredo é sobre os agudás, ex-escravos que voltaram para a África.
A Porto da Pedra traz um enredo sobre a população de rua do Rio de Janeiro, e a Mocidade Independente tentará fazer um "Carnaval solidário", falando sobre a doação de órgãos.
O desfile será encerrado pela Imperatriz Leopoldinense. A escola, com fama de fazer desfiles tecnicamente impecáveis, manterá o mesmo time, com a carnavalesca Rosa Magalhães à frente, que ganhou cinco dos últimos dez Carnavais.


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