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Agremiações do Rio falam sobre pacifismo na apresentação de hoje; Beija-Flor leva integrante como Cristo e pode causar polêmica
Escolas pedem paz e põem religião no samba
ANTÔNIO GOIS
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO
A paz e a polêmica vão andar
lado a lado no desfile de hoje.
Beija-Flor e Mangueira, duas das
escolas mais tradicionais do Rio
de Janeiro, apresentarão enredos pacifistas, mas que podem
desagradar aos que não gostam
de ver misturadas imagens religiosas com a festa.
Antes de entrar na avenida, a
escola que mais polêmica causou foi a Beija-flor, que homenageará o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) com uma estátua de 9,5 m. A agremiação foi
criticada por ensaiar uma cena
em que, num confronto armado
entre Cristo e o Diabo, um menino de rua é morto com uma bala
perdida.
O carnavalesco Luiz Fernando
do Carmo, o Laíla, diz que a cena
foi suavizada, mas que a escola
não deixará de desfilar com um
integrante representando Cristo,
talvez negro, mas sem arma.
A Mangueira foi alvo de polêmica ao receber R$ 800 mil de
empresários da comunidade judaica do Rio para falar da trajetória de Moisés e dos Dez Mandamentos. A escola e a doação
foram criticadas por líderes judaicos, que não concordavam
com a mistura de religião com
uma festa pagã. A doação não foi
retirada.
O desfile será aberto pela Tradição, com um enredo sobre Ronaldinho e o pentacampeonato
da seleção brasileira.
Em seguida, a campeã do ano
passado, Mangueira, vai defender seu título com enredo sobre
a paz que conta a história do povo judeu. Na mesma linha pacifista, a Beija-Flor tentará em seguida escapar da sina de ter sido
vice-campeã nos últimos quatro
carnavais com o enredo "O Povo
Conta a sua História. Saco Vazio
Não Pára em Pé. A Mão que Faz
a Guerra Faz a Paz".
Já na madrugada de amanhã,
entrará na avenida a Unidos da
Tijuca, que tentará dar um tratamento original a um dos temas
mais abordados na história dos
desfiles: a herança e a história do
negro no Brasil. O enredo é sobre os agudás, ex-escravos que
voltaram para a África.
A Porto da Pedra traz um enredo sobre a população de rua do
Rio de Janeiro, e a Mocidade Independente tentará fazer um
"Carnaval solidário", falando
sobre a doação de órgãos.
O desfile será encerrado pela
Imperatriz Leopoldinense. A escola, com fama de fazer desfiles
tecnicamente impecáveis, manterá o mesmo time, com a carnavalesca Rosa Magalhães à frente,
que ganhou cinco dos últimos
dez Carnavais.
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