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MORTES EM SÉRIE
Plano de unir Simba ao zôo era de 2001; polícia apura crise institucional para tentar esclarecer ataque a animais
Direção do zoológico barrou novo parque
MARIANA VIVEIROS
FABIANE LEITE
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A atual direção do Zoológico de
São Paulo frustrou em 2001,
quando assumiu o comando da
instituição, uma idéia de criação
de um parque temático que uniria
o zôo ao Simba Safari -empreendimento particular que foi
extinto naquele ano.
A área do Simba, ao lado da do
zoológico, acabou passando à administração do zôo, segundo decisão da atual diretoria.
Landslau Deutsch, biólogo
membro do Conselho Superior
do zôo e ex-funcionário da instituição, é um dos que relata a movimentação para a criação do empreendimento: diz que a idéia do
parque era do então secretário de
Esportes -órgão a que o zôo era
ligado-, Marcos Arbaitman.
Segundo ele, Arbaitman queria
um parque temático e impôs o
nome de Marcelo Gutglas, presidente do parque de diversões
Playcenter, como presidente do
conselho superior do zôo -o
Simba chegou a negociar com o
Playcenter um projeto de parque
temático em 2001. O presidente é
nomeado pelo governador.
Conselheiros chegaram a reclamar, no Ministério Público, sobre
pressões do secretário.
Segundo André Luiz Perondini,
ex-diretor do zôo, o nome de Gutglas foi rejeitado pelo conselho
superior em 2001 "por não ter o
perfil requerido". Gutglas ficou
apenas cerca de um mês no cargo.
De acordo com Perondini, Gutglas é engenheiro e o estatuto exige formação em biociências.
Todas as informações sobre as
crises institucionais do zôo estão
sendo investigadas pela polícia,
que procura explicação para a
morte por envenenamento de 61
animais do local, iniciadas em 24
de janeiro, na véspera da recondução do atual presidente do conselho superior do parque, Paulo
Bressan, ao cargo.
Arbaitman confirma que defendeu a união do zôo e do Simba.
Mas nega ter feito alguma pressão, imposição ou indicação -de
acordo com sua versão, ex-conselheiros fizeram reclamações porque sua gestão apontou que parte
do grupo não trabalhava.
"Nunca quis criar nada. A única
coisa que tinha proposto, não nós
[da secretaria], foi idéia de um
conselheiro, foi integrar o Simba
ao zôo. Quem visitasse o Simba
poderia ter entrada para o zoológico, um caminho tipo o que fazem lá em Orlando [EUA, terra
dos parques temáticos]: bonito,
tudo dentro da ecologia."
Arbaitman diz que a idéia só
não foi para frente porque o proprietário do Simba, Francisco
Galvão, não quis entrar na licitação para ocupar a área do próprio
Simba. A concessão que ele tinha
para ocupar o local havia acabado
e a área jurídica do governo exigiu
licitação para o novo ocupante.
Gutglas, procurado, disse, por
meio de sua secretária, não ter nada a comentar.
"É uma linha que estamos investigando, mas ainda estamos
tentando estabelecer essa correlação", diz o delegado Clóvis Ferreira de Araújo, sobre a hipótese de
crime institucional.
A polícia investiga oito pessoas,
entre funcionários do zoológico e
de uma empresa terceirizada, suspeitos de serem os executores do
provável crime doloso (com intenção). "Aí você precisa classificar os executores entre os autores
e os co-autores."
Além dos executores, a polícia
ainda suspeita que possa chegar a
supostos mentores do crime, o
que esclareceria a motivação das
mortes. A atual direção do zôo
não se manifestou.
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