São Paulo, quarta-feira, 03 de março de 2004

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SEGURANÇA

Justiça manda prender nove acusados de matar quatro jovens; Polícia Civil investiga outros três assassinatos

No Rio, PMs são suspeitos de mais mortes

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

A Justiça do Rio decretou ontem a prisão temporária de nove policiais militares acusados de ter matado quatro jovens, entre eles um adolescente de 13 anos, no dia 6 de dezembro, em Imbariê (Duque de Caxias, Baixada Fluminense).
Além disso, a Polícia Civil do Rio investiga a participação de policiais militares no assassinato de três adolescentes de 16 anos cujos corpos foram encontrados na estrada do Sumaré (Tijuca, zona norte) no dia 19 de setembro do ano passado.
A Polícia Militar vem enfrentando críticas por mortes de civis ocorridas em supostos confrontos. Na semana passada, o secretário de Segurança Pública do Rio, Anthony Garotinho, proibiu incursões de policiais do Bope (Batalhão de Operações da PM) na favela da Rocinha (zona sul), por 60 dias, após as mortes de três menores da favela por policiais do grupo de elite da PM.
Segundo os moradores da favela, os jovens não eram criminosos e não entraram em confronto com a polícia.
No caso de Imbariê, as quatro vítimas saíram de uma festa na casa de espetáculos Via Show e, abordados por PMs, foram levados para uma fazenda e mortos com vários tiros.
Quatro dos acusados faziam segurança da Via Show e outros cincos estavam de serviço. Há a suspeita de que os policiais integrem um grupo de extermínio que atua na Baixada Fluminense.
No caso dos três adolescentes de 16 anos, a suspeita de que os jovens foram mortos por PMs é forte, segundo o delegado responsável pelo inquérito, Orlando Zaccone, da 19ª Delegacia de Polícia.
O delegado afirmou que, em 18 de setembro, os adolescentes foram passear de bicicleta no Méier (zona norte do Rio). Segundo três testemunhas, os jovens foram abordados por policiais militares e colocados em uma Blazer. Na manhã do dia seguinte, os corpos foram achados no Sumaré, com tiros de fuzil no peito.
Seis meses após o crime, as investigações não foram concluídas. Segundo o delegado, uma das principais dificuldades é o fato de as testemunhas não terem identificado a unidade da PM à qual pertencia o carro onde as vítimas foram supostamente colocadas.
O delegado, no entanto, disse suspeitar que seja do Getam (Grupamento Especial Tático-Móvel da PM) ou do 3º Batalhão (Méier).
Zaccone afirmou já ter constatado que, na noite do dia 18, nove PMs do Getam atuaram no patrulhamento da rua onde os garotos estavam, sendo seis a serviço do 6º Batalhão (Tijuca) e três a serviço do 3º Batalhão (Méier).


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