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SAÚDE
Derrubada favorece proliferação do mosquito transmissor, diz técnico; Amazônia Legal teve aumento de 15,3% nos casos
Governo culpa desmatamento pela malária
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
O secretário nacional de Vigilância em Saúde do Ministério da
Saúde, Jarbas Barbosa, confirmou
ontem, em Manaus, que os desmatamentos geram forte pressão
para o crescimento da malária no
Amazonas e em Rondônia.
Os dois Estados são responsáveis por 77% dos casos da doença
registrados na Amazônia Legal,
em 2003. De 2002 para 2003, a região da Amazônia Legal registrou
aumento de 15,3% nos casos.
No Amazonas, 40% dos casos
ocorrem em Manaus, onde florestas são derrubadas para dar lugar
a favelas. A capital é a campeã de
casos de malária no país -a cada
cinco casos, um ocorre na cidade.
Em Rondônia, os desmatamentos se concentram em seis municípios, responsáveis pela exploração ilegal de madeira, entre eles
Buritis, onde registra-se 33% das
ocorrências de malária no Estado.
Segundo especialistas, o mosquito anofelino, conhecido como
"prego" ou "sovela", tem na floresta amazônica seu ambiente natural. A derrubada de árvores e o
represamento de rios e igarapés
favorecem a proliferação do mosquito, que usa água parada e limpa para se reproduzir.
As alterações ambientais provocaram a dispersão do mosquito
para as áreas urbanas. O ciclo de
transmissão começa quando um
mosquito pica uma pessoa contaminada. "Toda vez que são feitas
ações de desenvolvimento econômico sem levar em conta a sustentabilidade ambiental, que se desmata, que milhares de famílias
são transferidas sem infra-estrutura, a gente tem uma forte pressão pela produção de malária",
afirmou Jarbas Barbosa.
Ele abriu ontem em Manaus a 4ª
Reunião do Programa Nacional
de Controle da Malária, da qual
participam secretários da Saúde
do Norte e técnicos do Ministério
da Saúde. O objetivo é avaliar os
índices da malária na Amazônia
Legal e apontar estratégias de
controle, considerando as condições sociais, climáticas e ambientais de cada Estado.
Segundo Barbosa, durante a
reunião, que acaba amanhã, vão
ser debatidas as metas para o
combate da malária e modo como
serão gastos os recursos. Para este
ano, o ministério garantiu R$ 60
milhões adicionais no orçamento.
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