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SAÚDE
Estudo constata alta taxa de irregularidades em produtos como morangos e doces industrializados
Pesquisa da Vigilância Sanitária mapeia alimentos de risco em SP
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REDAÇÃO
Pesquisa da Vigilância Sanitária
revela que estão em condições impróprias para consumo grande
parte dos doces industrializados,
queijos minas frescal, morangos e
palmitos vendidos em bares, restaurantes, padarias e supermercados do Estado de São Paulo.
Durante dois anos (2003 e
2004), técnicos do CVS (Centro
de Vigilância Sanitária) coletaram
amostras de 23 produtos em 536
pontos-de-venda do Estado e as
submeteram a análises em institutos especializados.
Das 736 amostras, 30% tinham
irregularidades em padrões de
composição, incluindo presença
de bactérias, e rotulagem. Os
principais problemas foram
apontados no morango, no queijo, no palmito, nos doces e nos
itens a base de soja.
O mesmo programa avaliou
também as condições de pontos-de-venda de alimentos em todo o
Estado (leia texto nesta página).
O estudo testou, em 2003, produtos que utilizam soja -em
46% deles não havia no rótulo a
informação de que havia transgênicos na composição.
Foram considerados impróprios para consumo humano
-por contaminação, excesso de
agrotóxicos ou uso de aditivos
proibidos para o produto- 63%
do morango, 17,3% do palmito,
60% dos doces industrializados e
41% do queijo frescal.
Em relação ao palmito, o risco
maior de consumir um produto
irregular é o botulismo, uma
doença mortal. Já o tipo de contaminação encontrado no queijo
minas expõe o consumidor a
doenças diarreicas.
A surpresa maior foi o nível de
doces em que havia corantes proibidos. No relatório final do estudo, o CVS alerta que eles podem
provocar reações alérgicas.
A Allergy & Environmental
Sensitivity Support & Research
Association of Australia (associação médica que reúne pesquisadores de alergias) diz que 90% dos
casos de asma em crianças e 60%
dos em adultos são provocados
por alergias.
Para o caso dos doces, o CVS levanta a possibilidade de fraude,
com o uso de corantes para mascarar a qualidade do produto.
Avanços
Segundo William Latorre
-coordenador do comitê gestão
do programa pelos órgãos ligados
ao CVS-, de modo geral, vem
melhorando qualidade dos alimentos à venda no Estado, mas
ainda há problemas crônicos.
Latorre cita como exemplo o
palmito -as amostras testadas
estavam em locais que preparam
alimentos- e morangos.
""Estamos evoluindo, até porque
as entidades de classe vêm realizando trabalhos para melhorar a
qualidade", diz.
As empresas e produtores irregulares foram notificadas, tiveram produtos apreendidos e receberam multas.
Sobre o uso de corantes em doces, a Adima (Associação da Indústria de Alimentos de Marília),
cidade em que se concentra boa
parte da produção nacional, diz
que há diversos esforços e programas de qualidade para garantir a
confiabilidade do produto.
""Só não podemos ir lá na linha
do fabricante controlar o que ele
usa", diz Daércio Galati Vieira,
coordenador-executivo da associação de indústrias.
Já o Idec (Instituto Brasileiro de
Defesa do Consumidor) cobra
mais transparência da indústria
em relação ao produto que põe à
venda, afirma Murilo Diversi, biólogo da área de alimentos da
ONG, baseada em São Paulo.
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