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ARTE DO CRIME
PF também encontrou molduras queimadas dos quadros levados em um morro próximo ao museu carioca
Matisse roubado aparece em site de leilões
DA SUCURSAL DO RIO
A Polícia Federal encontrou ontem, no morro dos Prazeres (Santa Teresa, zona central do Rio),
pedaços de molduras queimadas
de alguns dos quadros que foram
roubados do Museu da Chácara
do Céu na última sexta-feira. A
suspeita de que um grupo internacional pode estar por trás do
roubo foi reforçada ontem quando o quadro "Jardim de Luxemburgo" (1903), de Henri Matisse,
uma das obras roubadas, foi oferecido ontem em um site russo especializado em leilões virtuais por
um lance de US$ 13 milhões. A
obra ficou exibida na página por
cerca de quatro horas. Não há pistas sobre quem teria colocado o
quadro no site. A Interpol já pediu
auxílio da polícia russa no caso.
Segundo a diretora do Chácara
do Céu, Vera de Alencar, já está
praticamente confirmado que
uma das molduras queimadas é
da obra "A Dança", de Pablo Picasso. A outra moldura seria do
quadro "Os Dois Balcões" (1929),
de Salvador Dalí. Vera disse estar
com muito medo de que as obras
tenham sido queimadas.
Os delegados federais Deuller
Rocha e Elias Escobar admitiram
essa hipótese. Segundo Escobar, o
quadro de Picasso pode ter sofrido uma "queima violenta". Para
eles, as obras foram roubadas por
traficantes de drogas que poderiam ser ligados a uma quadrilha
internacional especializada em
obras de arte.
Vera Alencar declarou que não
foram encontrados vestígios de
telas entre as molduras queimadas. Ela não descartou também a
possibilidade de os quadros terem
sido cortados da moldura.
Os restos das molduras foram
levados para a perícia na sede da
Superintendência da Polícia Federal, que confirmaria ou não se o
material é originário dos quadros
roubados. A análise não havia sido encerrada até a conclusão desta edição.
Além de obras de Dalí, Picasso e
Matisse, foi levado também do
museu o quadro "Marine" (1880-1890), de Claude Monet.
O roubo dos quadros ocorreu
na tarde de sexta-feira. Quatro
homens armados com metralhadoras invadiram o museu, obrigaram dois seguranças a desligar o
circuito interno de TV, prenderam cinco turistas em uma sala e
levaram as quatro pinturas.
Um dos vigias disse que o quadro de Picasso foi perfurado depois de ele ter tentado arrancá-lo
dos criminosos. O motorista que
transportou os quadros para a
quadrilha foi localizado no início
da semana, mas não foi considerado como cúmplice da quadrilha
e acabou liberado. A PF também
já tem o retrato falado de um dos
ladrões.
Ontem à tarde, foi iniciada uma
reconstituição do crime. A encenação não havia sido encerrada
até a conclusão desta edição.
A deputada federal Alice Portugal (PC do B-BA) acompanhou os
trabalhos e disse que pedirá à Câmara a abertura de uma CPI para
investigar roubos de obras de arte
no Brasil.
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