São Paulo, sexta-feira, 03 de março de 2006

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ARTE DO CRIME

PF também encontrou molduras queimadas dos quadros levados em um morro próximo ao museu carioca

Matisse roubado aparece em site de leilões

DA SUCURSAL DO RIO

A Polícia Federal encontrou ontem, no morro dos Prazeres (Santa Teresa, zona central do Rio), pedaços de molduras queimadas de alguns dos quadros que foram roubados do Museu da Chácara do Céu na última sexta-feira. A suspeita de que um grupo internacional pode estar por trás do roubo foi reforçada ontem quando o quadro "Jardim de Luxemburgo" (1903), de Henri Matisse, uma das obras roubadas, foi oferecido ontem em um site russo especializado em leilões virtuais por um lance de US$ 13 milhões. A obra ficou exibida na página por cerca de quatro horas. Não há pistas sobre quem teria colocado o quadro no site. A Interpol já pediu auxílio da polícia russa no caso.
Segundo a diretora do Chácara do Céu, Vera de Alencar, já está praticamente confirmado que uma das molduras queimadas é da obra "A Dança", de Pablo Picasso. A outra moldura seria do quadro "Os Dois Balcões" (1929), de Salvador Dalí. Vera disse estar com muito medo de que as obras tenham sido queimadas.
Os delegados federais Deuller Rocha e Elias Escobar admitiram essa hipótese. Segundo Escobar, o quadro de Picasso pode ter sofrido uma "queima violenta". Para eles, as obras foram roubadas por traficantes de drogas que poderiam ser ligados a uma quadrilha internacional especializada em obras de arte.
Vera Alencar declarou que não foram encontrados vestígios de telas entre as molduras queimadas. Ela não descartou também a possibilidade de os quadros terem sido cortados da moldura.
Os restos das molduras foram levados para a perícia na sede da Superintendência da Polícia Federal, que confirmaria ou não se o material é originário dos quadros roubados. A análise não havia sido encerrada até a conclusão desta edição.
Além de obras de Dalí, Picasso e Matisse, foi levado também do museu o quadro "Marine" (1880-1890), de Claude Monet.
O roubo dos quadros ocorreu na tarde de sexta-feira. Quatro homens armados com metralhadoras invadiram o museu, obrigaram dois seguranças a desligar o circuito interno de TV, prenderam cinco turistas em uma sala e levaram as quatro pinturas.
Um dos vigias disse que o quadro de Picasso foi perfurado depois de ele ter tentado arrancá-lo dos criminosos. O motorista que transportou os quadros para a quadrilha foi localizado no início da semana, mas não foi considerado como cúmplice da quadrilha e acabou liberado. A PF também já tem o retrato falado de um dos ladrões.
Ontem à tarde, foi iniciada uma reconstituição do crime. A encenação não havia sido encerrada até a conclusão desta edição.
A deputada federal Alice Portugal (PC do B-BA) acompanhou os trabalhos e disse que pedirá à Câmara a abertura de uma CPI para investigar roubos de obras de arte no Brasil.


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