São Paulo, segunda-feira, 03 de março de 2008

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Piloto desviou de piscina lotada, dizem testemunhas

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

O piloto do monomotor Cirrus SR22 que caiu ontem na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio) desviou o trajeto, que passaria sobre a piscina e alguns apartamentos do edifício La Place, e colidiu contra uma obra, do outro lado da rua.
Moradores do edifício elogiaram a destreza do piloto. "Ele foi um verdadeiro anjo da guarda com a manobra que fez para desviar do prédio", disse a dentista Cilene Proença, 45. Ela se preparava para o churrasco de aniversário da filha, na piscina do prédio, quando viu a queda.
O acidente ocorreu logo após a decolagem do Aeroporto de Jacarepaguá. Até o fechamento desta edição, apenas dois corpos haviam sido oficialmente identificados: o do piloto Frederico Carlos de Tolla e o do empresário Joci José Martins, dono do avião.
A aeronave, prefixo PR-IAO, chocou-se contra a parede e o telhado de uma construção que irá abrigar um shopping de veículos, nos fundos da concessionária Citroën, entre as ruas Raimundo Magalhães Jr. e Heitor Doyle Maia, próximo à avenida das Américas, uma das principais do bairro.
A Anac (Agência Nacional de Aviação) informou que o monomotor decolou às 11h43 e começou a apresentar problemas logo depois. De acordo com a Polícia Civil, a aeronave vinha de Vassouras (a 116 km do Rio), parou no Aeroporto de Jacarepaguá para abastecer e seguiria para Florianópolis (SC).
A Anac informou que o monomotor estava com a documentação, que inclui manutenção e seguro obrigatório, em dia. A carteira de habilitação e o exame de saúde do piloto também estavam atualizados.
Dono do avião, Joci José Martins, 56, era dono da Cota Empreendimentos Imobiliários, de Florianópolis (SC), tinha três filhos e duas netas.
Ele estava no Rio para participar do encontro Cirrus Weekend, em Barra do Piraí (RJ). O evento, que aconteceu entre 29 de fevereiro e ontem, reuniu pilotos e proprietários de aviões da marca Cirrus.
O piloto Frederico Carlos Xavier de Tolla era comandante aposentado da Varig, com mais de 25 mil horas de vôo. Era casado e tinha quatro filhos. "Ele tinha decidido sair do Rio para morar em Santa Catarina para fugir da violência", disse o cunhado William Aucar.
Amigo do piloto, o presidente da Varig entre 2002 e 2005, Carlos Luiz Martins, disse que Tolla era um profissional irrepreensível. "Ele foi meu instrutor, era um bom piloto, detalhista, não consigo entender o que aconteceu", afirmou.

Fumaça e pânico
Algumas testemunhas acreditam que o piloto agiu como herói e desviou da piscina do condomínio, lotada de gente.
"Estava na piscina, conversando com uma amiga, quando olhei e vi que o avião vinha muito baixo. Acho que o piloto resolveu virar [a aeronave] para onde teria menos problema e bateu", contou Cilene Proença. "Com o barulho e a explosão, saiu todo mundo correndo."
A empresária Margareth Borda D'Água Moura, 39, também estava na piscina na hora do acidente. "Estava muito baixo, desligou o motor e caiu. Antes, desviou do prédio. A piscina estava cheia de crianças."
O industrial Sérgio Fernandes, 52, estava no Bosque da Barra no momento do acidente. "Quando olhei, vi o monomotor cambaleando para a esquerda. Em seguida, bateu e explodiu. Já havia me chamado a atenção quando decolou porque ouvi o barulho de motor falhando. E ele estava muito baixo, coisa de 200, 300 metros."
Segundo o delegado do 16º Distrito Policial (Barra da Tijuca), Augusto Nogueira Pinto, apenas a perícia indicará as causas do acidente. As investigações serão feitas em conjunto com o Ceripa 3 (3º Centro Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos). "Teremos o resultado do laudo preliminar dentro de dez dias", disse o delegado.


Colaborou a Agência Folha


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