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Piloto desviou de piscina lotada, dizem testemunhas
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
O piloto do monomotor Cirrus SR22 que caiu ontem na
Barra da Tijuca (zona oeste do
Rio) desviou o trajeto, que passaria sobre a piscina e alguns
apartamentos do edifício La
Place, e colidiu contra uma
obra, do outro lado da rua.
Moradores do edifício elogiaram a destreza do piloto. "Ele
foi um verdadeiro anjo da guarda com a manobra que fez para
desviar do prédio", disse a dentista Cilene Proença, 45. Ela se
preparava para o churrasco de
aniversário da filha, na piscina
do prédio, quando viu a queda.
O acidente ocorreu logo após
a decolagem do Aeroporto de
Jacarepaguá. Até o fechamento
desta edição, apenas dois corpos haviam sido oficialmente
identificados: o do piloto Frederico Carlos de Tolla e o do
empresário Joci José Martins,
dono do avião.
A aeronave, prefixo PR-IAO,
chocou-se contra a parede e o
telhado de uma construção que
irá abrigar um shopping de veículos, nos fundos da concessionária Citroën, entre as ruas
Raimundo Magalhães Jr. e Heitor Doyle Maia, próximo à avenida das Américas, uma das
principais do bairro.
A Anac (Agência Nacional de
Aviação) informou que o monomotor decolou às 11h43 e começou a apresentar problemas
logo depois. De acordo com a
Polícia Civil, a aeronave vinha
de Vassouras (a 116 km do Rio),
parou no Aeroporto de Jacarepaguá para abastecer e seguiria
para Florianópolis (SC).
A Anac informou que o monomotor estava com a documentação, que inclui manutenção e seguro obrigatório, em
dia. A carteira de habilitação e o
exame de saúde do piloto também estavam atualizados.
Dono do avião, Joci José
Martins, 56, era dono da Cota
Empreendimentos Imobiliários, de Florianópolis (SC), tinha três filhos e duas netas.
Ele estava no Rio para participar do encontro Cirrus Weekend, em Barra do Piraí (RJ). O
evento, que aconteceu entre 29
de fevereiro e ontem, reuniu pilotos e proprietários de aviões
da marca Cirrus.
O piloto Frederico Carlos Xavier de Tolla era comandante
aposentado da Varig, com mais
de 25 mil horas de vôo. Era casado e tinha quatro filhos. "Ele
tinha decidido sair do Rio para
morar em Santa Catarina para
fugir da violência", disse o cunhado William Aucar.
Amigo do piloto, o presidente
da Varig entre 2002 e 2005,
Carlos Luiz Martins, disse que
Tolla era um profissional irrepreensível. "Ele foi meu instrutor, era um bom piloto, detalhista, não consigo entender o
que aconteceu", afirmou.
Fumaça e pânico
Algumas testemunhas acreditam que o piloto agiu como
herói e desviou da piscina do
condomínio, lotada de gente.
"Estava na piscina, conversando com uma amiga, quando
olhei e vi que o avião vinha muito baixo. Acho que o piloto resolveu virar [a aeronave] para
onde teria menos problema e
bateu", contou Cilene Proença.
"Com o barulho e a explosão,
saiu todo mundo correndo."
A empresária Margareth
Borda D'Água Moura, 39, também estava na piscina na hora
do acidente. "Estava muito baixo, desligou o motor e caiu. Antes, desviou do prédio. A piscina estava cheia de crianças."
O industrial Sérgio Fernandes, 52, estava no Bosque da
Barra no momento do acidente. "Quando olhei, vi o monomotor cambaleando para a esquerda. Em seguida, bateu e explodiu. Já havia me chamado a
atenção quando decolou porque ouvi o barulho de motor falhando. E ele estava muito baixo, coisa de 200, 300 metros."
Segundo o delegado do 16º
Distrito Policial (Barra da Tijuca), Augusto Nogueira Pinto,
apenas a perícia indicará as
causas do acidente. As investigações serão feitas em conjunto com o Ceripa 3 (3º Centro
Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos). "Teremos o resultado do
laudo preliminar dentro de dez
dias", disse o delegado.
Colaborou a Agência Folha
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