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Bando faz arrastão em prédio de Perdizes
Pelo menos 30 moradores, incluindo crianças, foram mantidos reféns por duas horas; 8 dos 34 apartamentos foram invadidos
Um dos bandidos anotava quais moradores já tinham sido roubados; polícia investiga se grupo tinha informações privilegiadas
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
ALINE MAZZO
DO "AGORA"
Por cerca de duas horas, ao
menos 30 moradores de um
prédio de classe média de Perdizes (zona oeste de SP), entre
eles várias crianças, foram
mantidos reféns por assaltantes armados em mais um arrastão na capital paulista.
A maior parte do bando, formado por pelo menos 15 homens, fugiu. Três suspeitos foram presos e um foi morto por
policiais durante tiroteio em
uma rua próxima ao edifício.
Nenhum morador se feriu.
O crime teve início por volta
das 6h30 de ontem. Várias
crianças que seguiam para a escola foram rendidas. Pelo menos oito dos 34 apartamentos
foram roubados. Foram levados dinheiro, joias e aparelhos
eletrônicos (a polícia não divulgou a estimativa do valor total).
Segundo relato dos moradores à polícia, os ladrões estavam
bem vestidos e portavam pistolas, fuzis e até submetralhadoras. Em um Corsa, eles entraram no prédio usando um controle remoto da garagem. "Os
vidros eram escuros. Como tinham controle, achei que fosse
um morador", disse o porteiro,
que não quis se identificar.
De acordo com moradores e
funcionários, um dos assaltantes rendeu o porteiro e o obrigou a abrir o portão para liberar
a entrada de mais dois carros
com o resto da quadrilha.
Todos os moradores que tentavam sair ou entrar no edifício
-pela portaria ou pela garagem- foram rendidos e levados ao salão de festas. "Foram
sempre educados. Quando me
renderam, disseram assim:
"Calma, isso é um assalto. Só
queremos bens materiais'", disse uma moradora, que também
pediu anonimato.
Anotava tudo
Ela disse que, após retornar
do apartamento com um dos
criminosos, o assaltado tinha
de passar as informações sobre
tudo que havia sido levado a um
ladrão que fazia anotações em
uma prancheta e depois levava
o morador a uma ala separada.
Além disso, contam os moradores, os bandidos tinham radiocomunicadores com a frequência usada pela polícia.
Foi por meio deles que perceberam que um morador do prédio havia acionado a polícia.
Todos saíram correndo.
Os PMs afirmaram que, ao
chegar em frente ao prédio, viram quatro pessoas tentando
roubar um veículo. Os suspeitos correram -três foram presos e um foi morto.
Pelo menos 15 moradores foram até a delegacia. Os investigadores querem saber se os
bandidos tinham informações
sobre os moradores e o prédio
-citaram um "japonês que mora na cobertura"- e se sabiam
que as câmeras do circuito interno estão desligadas há pelo
menos dois meses.
Policiais do Deic (divisão de
combate ao crime organizado)
vão investigar se os três suspeitos detidos ontem têm ligação
com outros roubos a prédios.
Adeus
Entre as famílias que passaram o dia ontem no 23º DP
(Perdizes) estava a do empresário G.N., 55. "Ontem à noite,
ainda conversamos sobre a
possibilidade de irmos embora
para a Austrália. O motivo é a
violência de São Paulo", disse a
mulher dele.
"Meu filho ainda tinha dúvidas se deveríamos mudar de
país, mas agora já temos certeza", desabafou o empresário.
Colaborou ANDRÉ CARAMANTE, da Reportagem Local
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