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São Paulo, quinta-feira, 03 de abril de 2003

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AMBIENTE

Em Campos, 200 mil terão abastecimento suspenso por tempo indeterminado devido a acidente em Minas Gerais

Vazamento corta água em 8 cidades no RJ

DA SUCURSAL DO RIO

O município de Campos, de aproximadamente 400 mil habitantes, teve ontem parte de seu abastecimento de água suspenso por tempo indeterminado devido ao vazamento de substâncias químicas de uma das represas da Indústria Cataguazes de Papel, em Cataguases (MG). De acordo com a prefeitura, o corte no abastecimento vai afetar 50% da população da cidade.
Com a chegada do vazamento a Campos, já são oito os municípios fluminenses com o abastecimento de água interrompido desde o acidente, ocorrido no último sábado. Além de Campos, foram afetados Santo Antônio de Pádua, São Fidélis, Cambuci, Aperibé, Portela, Miracema e São João da Barra. Em Santo Antônio de Pádua, foi decretado estado de calamidade pública.
O ministro das Cidades, Olívio Dutra, definiu ontem o acidente ecológico como um "crime contra a vida". Ele defendeu, se necessário, até mesmo a prisão dos responsáveis pelo vazamento.
"Um rio [Pomba] está praticamente destruído, um outro [Paraíba do Sul" está ameaçado. Milhares de pessoas correm o risco de não ter água potável por muito tempo. (...) É um crime que foi cometido", afirmou o ministro.
Também ontem a ANA (Agência Nacional de Águas) começou a modificar o fluxo dos rios Pomba e Paraíba do Sul, atingidos pelo vazamento, com o objetivo de aumentar o volume e a velocidade da água. A vazão de três represas nos dois rios foi aumentada. Com essa medida, de acordo com a ANA, a diluição das substâncias acontecerá mais rapidamente.
A contaminação dos rios também está afetando agricultores e pecuaristas da região. Para tentar controlar a situação, o secretário Christino Áureo, da Secretaria de Agricultura, Abastecimento, Pesca e Desenvolvimento do Interior, determinou a interdição de todas as agroindústrias fiscalizadas pelo Serviço de Inspeção Estadual e que se abastecem da água dos rios contaminados. Elas terão suas produções suspensas por tempo indeterminado.
Além disso, a secretaria determinou que a irrigação das plantações localizadas nessas regiões seja suspensa. A água contaminada também não poderá ser dada aos animais.
Como solução provisória, o governo estadual está liberando máquinas aos municípios para que possam ser usadas outras formas de abastecimento, como poços artesianos, açudes e carros-pipa.
A Procuradoria Geral do Estado entrou com uma ação pública na Justiça contra a Indústria Cataguazes de Papel.
(SABRINA PETRY E SERGIO TORRES)


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