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ACIDENTE
Irmão de uma das 19 vítimas da queda do avião no RJ diz que evitou engano ao insistir no reconhecimento; instituto nega
Parente acusa IML de confundir corpos
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
O irmão de um dos 19 mortos na
queda do avião da Team, acidentado na última sexta-feira, disse
ontem que, se não fosse a sua insistência em reconhecer o corpo,
poderia ter enterrado o piloto da
aeronave como se fosse Marden
del Souza, 48, seu irmão.
Cinco vítimas foram sepultadas
ontem, no Rio. O avião da Team
caiu e explodiu sexta-feira, em
Rio Bonito (a 70 km do Rio),
quando fazia a rota Macaé-Rio.
Segundo Emerson Souza, a iniciativa do Instituto Médico Legal
de evitar o reconhecimento dos
corpos -desfigurados- pessoalmente pelos parentes quase
fez o piloto Michael Petter Hutten
ser enterrado como se fosse Marden, seu colega de turma de 1973
da Escola Preparatória de Cadetes
do Ar (Epicar). Documentos dos
dois também teriam sido encontrados próximos. O IML nega que
a confusão tenha ocorrido.
Segundo Emerson, os técnicos
do IML disseram que o corpo de
seu irmão estava muito carbonizado, mas tinha sido identificado
por uma tatuagem. Ele contestou,
dizendo que Marden não tinha tatuagem e pediu para ver o corpo.
"Bati o pé: queria ter certeza de
que enterraria o meu irmão. Disseram que o corpo estava carbonizado e o identificaram por uma
tatuagem, que era do Hutten. [estão] mais preocupados em
mostrar a eficiência de um órgão
que em ajudar as famílias", disse
Emerson no enterro, ontem, no
Rio. Para ele, a suposta pressa do
IML em identificar os corpos poderia ter levado a um grave erro.
Disse ter conseguido ver o irmão
por interferência de amigos do irmão na Aeronáutica.
Emerson reconheceu Marden
pela roupa, por um queloma sob
o queixo, escondido por cavanhaque, e pelas cicatrizes nos joelhos,
fruto de cirurgias. Marden era piloto de helicóptero, mas ocupava
o cargo de gerente-executivo da
Líder Aviação.
O diretor do IML, Roger Ancillotti, afirmou que o reconhecimento por parentes em casos de
acidente como esse é evitado para
não haver identificação equivocada por conta da emoção. Ele negou ter havido dúvida ou erro.
"Os corpos só saíram depois de
checados pelos procedimentos
técnicos: impressões digitais e arcada dentária. Duas famílias reconheceram o corpo de Marden, a
dele e a da viúva. Por ser piloto, o
Centro de Medicina Aeroespacial
tem fotografias da arcada dentária, o que facilita muito. O corpo
de Hutten era de identificação
simples, por causa da tatuagem
do seu grupo de aviação que tinha
no braço", disse Ancillotti.
Gerente da Petrobras designada
para dar assistência às vítimas do
acidente, a mulher de Marden,
Cláudia, teve um choque ao saber
que o marido estava na lista de
mortos. Muito abalada, ela não
quis falar à imprensa no enterro.
A família também reclamou de
falta de assistência da Team. "Só
se apresentaram para nós aqui no
cemitério. Toda a ajuda de transporte veio da Líder e da Petrobras", disse Emerson. Segundo
ele, a família viajou de Rio Bonito
(a 70 km do Rio) para obter a certidão de óbito.
A Team informou que pagou a
passagem dos pais de Marden,
que visitavam a filha nos Estados
Unidos. O diretor de relações institucionais da Team, David Faria,
disse que o piloto era seu amigo e
que foi o fiel depositário de seus
pertences. "Credito a declaração à
gravidade da situação", disse.
Corpos não identificados
De acordo com o IML, apenas
quatro das 19 vítimas ainda não
foram identificadas. O reconhecimento, segundo Ancillotti, foi feito por meio de fotos do rosto de
nove mortos, todas enviadas por
e-mail ao hotel onde estão os parentes da vítimas, e de análise da
arcada dentária de seis.
Os outros quatro corpos, segundo Ancillotti, terão de passar por
exames de DNA, que só ficarão
prontos em 30 dias.
Colaborou MAURO TOUGUINHÓ
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