São Paulo, terça-feira, 03 de abril de 2007

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No rádio, presidente diz que greve foi irresponsável

EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de ceder aos controladores de vôo na sexta-feira passada, quando prometeu atender a suas reivindicações e gerou uma crise com a FAB (Força Aérea Brasileira) pela quebra na hierarquia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mudou de tom e chamou os sargentos amotinados de "irresponsáveis".
"Eu acho muito grave o que aconteceu [na sexta]. Acho grave e acho irresponsabilidade [ao partir de] pessoas que têm funções que são consideradas essenciais e funções delicadas, porque estão lidando com milhares de passageiros que estão sobrevoando o território nacional", disse o presidente em seu programa semanal de rádio.
Na última sexta-feira, a caminho de Washington, o presidente desautorizou o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, a dar voz de prisão aos sargentos que lideraram o motim no centro de controle aéreo de Brasília.
Lula, mesmo diante da insubordinação dos controladores do tráfego aéreo, exigiu que fosse aberta uma negociação com os militares.

Setor essencial
Ontem, no programa de rádio "Café com o Presidente", Lula falou como se buscasse amenizar um clima de tensão com o Comando da Aeronáutica. Lembrou do tempo em que era líder sindical, nos anos 1970, e pediu o fim dos prejuízos, de acordo com ele, causados pelos controladores à sociedade brasileira.
"Todo trabalhador tem direito a aumento de salário, todo trabalhador tem direito de reivindicar. Mas é importante lembrar que, quando eu era dirigente sindical, algumas empresas entravam em greve, e o setor considerado essencial na empresa a gente acordava com o dono da empresa que aquele setor não iria parar, por uma questão de responsabilidade", afirmou o presidente.
"Nós não estamos lidando com máquina apenas, estamos lidando com seres humanos. Se as pessoas querem discutir aumento de salário, vamos discutir, mas não vamos prejudicar o ser humano. Se quiserem prejudicar o governo, prejudiquem, mas não prejudiquem a sociedade", completou.
No sábado, antes de se encontrar com o presidente norte-americano, George W. Bush, Lula já havia sugerido a falta de responsabilidade dos controladores de tráfego aéreo.
"As pessoas que têm uma função que é considerada uma função essencial precisam ter mais responsabilidade do que outras", afirmou, em Washington. Lula decidiu enviar ao Congresso Nacional um projeto que pode proibir greves em setores essenciais do país.
Ontem, no programa de rádio, declarou que a sociedade não pode ser afetada porque "uma categoria se dá o direito de poder fazer isso".
"Homens e mulheres brasileiros precisam ter a tranqüilidade de viajar, e a gente não pode ficar assistindo na televisão, todo dia, milhares de pessoas sofrendo, esperando cinco ou seis horas, passando privações, pessoas sofrendo, pessoas chorando porque uma categoria se dá o direito de poder fazer isso", afirmou Lula.
Na manhã de hoje, o petista vai se reunir com o Conselho Político, integrado pelos presidentes dos partidos que formam a base governista, para informar as medidas que pretende adotar para acabar com a crise no sistema aéreo brasileiro. Precisará de apoio para aprová-las no Congresso.


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