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No rádio, presidente diz que greve foi irresponsável
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de ceder aos controladores de vôo na sexta-feira
passada, quando prometeu
atender a suas reivindicações e
gerou uma crise com a FAB
(Força Aérea Brasileira) pela
quebra na hierarquia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
mudou de tom e chamou os sargentos amotinados de "irresponsáveis".
"Eu acho muito grave o que
aconteceu [na sexta]. Acho grave e acho irresponsabilidade
[ao partir de] pessoas que têm
funções que são consideradas
essenciais e funções delicadas,
porque estão lidando com milhares de passageiros que estão
sobrevoando o território nacional", disse o presidente em seu
programa semanal de rádio.
Na última sexta-feira, a caminho de Washington, o presidente desautorizou o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, a dar voz de prisão aos sargentos que lideraram o motim no centro de controle aéreo de Brasília.
Lula, mesmo diante da insubordinação dos controladores
do tráfego aéreo, exigiu que fosse aberta uma negociação com
os militares.
Setor essencial
Ontem, no programa de rádio "Café com o Presidente",
Lula falou como se buscasse
amenizar um clima de tensão
com o Comando da Aeronáutica. Lembrou do tempo em que
era líder sindical, nos anos
1970, e pediu o fim dos prejuízos, de acordo com ele, causados pelos controladores à sociedade brasileira.
"Todo trabalhador tem direito a aumento de salário, todo
trabalhador tem direito de reivindicar. Mas é importante
lembrar que, quando eu era dirigente sindical, algumas empresas entravam em greve, e o
setor considerado essencial na
empresa a gente acordava com
o dono da empresa que aquele
setor não iria parar, por uma
questão de responsabilidade",
afirmou o presidente.
"Nós não estamos lidando
com máquina apenas, estamos
lidando com seres humanos. Se
as pessoas querem discutir aumento de salário, vamos discutir, mas não vamos prejudicar o
ser humano. Se quiserem prejudicar o governo, prejudiquem, mas não prejudiquem a
sociedade", completou.
No sábado, antes de se encontrar com o presidente norte-americano, George W. Bush,
Lula já havia sugerido a falta de
responsabilidade dos controladores de tráfego aéreo.
"As pessoas que têm uma
função que é considerada uma
função essencial precisam ter
mais responsabilidade do que
outras", afirmou, em Washington. Lula decidiu enviar ao
Congresso Nacional um projeto que pode proibir greves em
setores essenciais do país.
Ontem, no programa de rádio, declarou que a sociedade
não pode ser afetada porque
"uma categoria se dá o direito
de poder fazer isso".
"Homens e mulheres brasileiros precisam ter a tranqüilidade de viajar, e a gente não pode ficar assistindo na televisão,
todo dia, milhares de pessoas
sofrendo, esperando cinco ou
seis horas, passando privações,
pessoas sofrendo, pessoas chorando porque uma categoria se
dá o direito de poder fazer isso", afirmou Lula.
Na manhã de hoje, o petista
vai se reunir com o Conselho
Político, integrado pelos presidentes dos partidos que formam a base governista, para informar as medidas que pretende adotar para acabar com a
crise no sistema aéreo brasileiro. Precisará de apoio para
aprová-las no Congresso.
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