São Paulo, quinta-feira, 03 de abril de 2008 |
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Menino é queimado com ferro de marcar boi em GO Garoto de 9 anos conta que observava o trabalho de dois peões, quando foi marcado Crime ocorreu em junho do ano passado; acusados, que podem pegar até dez anos de prisão, respondem a processo em liberdade
SEBASTIÃO MONTALVÃO COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM GOIÂNIA Dois peões de gado estão sendo processados pela Justiça de Goiás sob a acusação de queimar um garoto de nove anos com um ferro para marcar bois. O crime ocorreu em junho do ano passado em uma fazenda de Aurilândia (150 km de Goiânia). Os peões João Taveira de Souza, 55, e Ronan Justino Alves, 32, respondem ao processo em liberdade. O garoto de nove anos conta que sempre ia ao local para observar o trabalho dos peões. "[Naquele dia], eles terminaram de marcar as vacas. Não sei por que resolveram me marcar também", disse. A criança afirma ter sido agarrada por Taveira e levada até Justino, que estava com um pedaço de ferro ainda em brasa. "Disseram que não tinha acabado o serviço ainda e precisavam marcar mais um bezerrinho. Era eu. E colocaram o ferro na minha perna. Gritei de dor", relatou o menino. A marca deixada na coxa esquerda da vítima contém as letras HL. Ela é permanente, segundo o Instituto Médico Legal de Iporá, município vizinho. Mesmo ferido, ele não contou nada aos familiares quando voltou para casa. O crime só foi descoberto porque uma professora da escola onde ele estuda percebeu que o garoto estava com febre e reclamava de dores no local. Após a descoberta, a mãe registrou ocorrência em uma delegacia, e um inquérito foi instaurado. Os três envolvidos já foram ouvidos pela Justiça. A próxima audiência está marcada para junho deste ano. De acordo com o promotor Ricardo Lemos, os acusados argumentam que "tudo não passava de uma brincadeira" e que a queimadura foi acidental. Para o promotor, a justificativa não procede. "Como eles não sabiam que o ferro estava quente se o haviam usado no gado momentos antes?", questiona Lemos. O menino afirma que até hoje sente vergonha da cicatriz. Na escola, evita contar aos colegas e diz usar roupas compridas para esconder a marca. Os peões são acusados por crime de lesão corporal grave, que prevê pena de até dez anos de prisão. O caso também resultou em uma ação indenizatória, estipulada pela Justiça em R$ 140 mil, em virtude das lesões permanentes. Na ação, ainda não julgada, o dono da fazenda, Oliveira Luiz Silvestre, também responde por omissão. Silvestre nega qualquer participação no crime. Questionado sobre detalhes, disse que o repórter deveria procurar a delegacia e desligou o telefone. Justino e Taveira não foram encontrados para falar sobre o caso. De acordo com moradores da cidade, Justino está trabalhando em outro município, e Taveira está internado em Goiânia, em tratamento de saúde. A reportagem não conseguiu localizar os advogados deles ontem. Texto Anterior: Há 50 Anos Próximo Texto: Ceará: PF prende mais 5 envolvidos no furto ao BC Índice |
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