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Feira para deficiente falha em acessibilidade
Carpete dificulta manobras com cadeira de rodas e não tem marcações para cegos; evento em São Paulo ocorre até domingo
Organizadores dizem ter conhecimento dos problemas, mas que uma reforma
ideal seria muito custosa e inviabilizaria o evento
DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL
Criada para promover tecnologias de "inclusão e acessibilidade", a feira paulistana Reatech, que começou ontem e vai
até domingo, apresenta alguns
problemas justamente de inclusão e acessibilidade.
Com lançamentos como um
controle remoto para aparelho
auditivo e um banco de carro
que se projeta para fora e vira
uma cadeira de rodas motorizada -ao custo de quase
R$ 60 mil-, a oitava edição do
evento importa para o Centro
de Exposições Imigrantes, na
zona sul de São Paulo, algumas
das limitações que os portadores de deficiência encontram
no "mundo real".
A lista de queixas começa pelo piso. "Com esse carpete, nosso esforço é triplicado", dizia
Sheila Melo, cadeirante que
trabalha na ONG carioca Guerreiros da Inclusão. "Fica difícil
até demonstrar como a cadeira
de rodas é boa", queixava-se a
promotora de vendas de um
equipamento que se destaca
por leveza e recursos de ajuste.
Luiz Baggio Neto, secretário-adjunto dos Direitos da Pessoa
com Deficiência de São Paulo,
também cadeirante, reclamou.
"Insisti que a feira deveria ter
sinalização para deficientes visuais. Um cego não sabe que está diante de um estande."
Outros visitantes que não enxergam disseram à Folha que é
quase impossível ficar "independente" na feira, já que não
há sinalizadores físicos ou auditivos de localização.
Frequentadores alertam ainda para a falta de bancos para
descanso (importantes para
quem usa bengala) e para os
banheiros, que são acessíveis,
mas não seriam ideais.
Outro lado
Os organizadores da feira,
que também é focada em "reabilitação", dizem que sabem
dos problemas, mas que uma
reforma ideal seria muito custosa e inviabilizaria o evento.
"Temos pessoas com vários
tipos de deficiência e acho difícil atender a todos em tudo",
diz Rodrigo Rosso, diretor do
evento, organizado pela revista
"Reação" e pela Cipa, grupo
promotor de feiras.
"O piso está ruim, mas não há
dinheiro para providenciarmos
um de borracha porque são 10
km corridos. Também não dá
para tirar o carpete porque há
caixas de energia e as pessoas
poderiam tropeçar."
Outra reivindicação dos cadeirantes foi atendida neste
ano. A feira criou um estacionamento "VIP", com manobristas
para ajudá-los -por R$ 30, ante R$ 20 do regular.
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