São Paulo, sexta-feira, 03 de abril de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Feira para deficiente falha em acessibilidade

Carpete dificulta manobras com cadeira de rodas e não tem marcações para cegos; evento em São Paulo ocorre até domingo

Organizadores dizem ter conhecimento dos problemas, mas que uma reforma ideal seria muito custosa e inviabilizaria o evento


DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Criada para promover tecnologias de "inclusão e acessibilidade", a feira paulistana Reatech, que começou ontem e vai até domingo, apresenta alguns problemas justamente de inclusão e acessibilidade.
Com lançamentos como um controle remoto para aparelho auditivo e um banco de carro que se projeta para fora e vira uma cadeira de rodas motorizada -ao custo de quase R$ 60 mil-, a oitava edição do evento importa para o Centro de Exposições Imigrantes, na zona sul de São Paulo, algumas das limitações que os portadores de deficiência encontram no "mundo real".
A lista de queixas começa pelo piso. "Com esse carpete, nosso esforço é triplicado", dizia Sheila Melo, cadeirante que trabalha na ONG carioca Guerreiros da Inclusão. "Fica difícil até demonstrar como a cadeira de rodas é boa", queixava-se a promotora de vendas de um equipamento que se destaca por leveza e recursos de ajuste.
Luiz Baggio Neto, secretário-adjunto dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, também cadeirante, reclamou. "Insisti que a feira deveria ter sinalização para deficientes visuais. Um cego não sabe que está diante de um estande."
Outros visitantes que não enxergam disseram à Folha que é quase impossível ficar "independente" na feira, já que não há sinalizadores físicos ou auditivos de localização.
Frequentadores alertam ainda para a falta de bancos para descanso (importantes para quem usa bengala) e para os banheiros, que são acessíveis, mas não seriam ideais.

Outro lado
Os organizadores da feira, que também é focada em "reabilitação", dizem que sabem dos problemas, mas que uma reforma ideal seria muito custosa e inviabilizaria o evento.
"Temos pessoas com vários tipos de deficiência e acho difícil atender a todos em tudo", diz Rodrigo Rosso, diretor do evento, organizado pela revista "Reação" e pela Cipa, grupo promotor de feiras.
"O piso está ruim, mas não há dinheiro para providenciarmos um de borracha porque são 10 km corridos. Também não dá para tirar o carpete porque há caixas de energia e as pessoas poderiam tropeçar."
Outra reivindicação dos cadeirantes foi atendida neste ano. A feira criou um estacionamento "VIP", com manobristas para ajudá-los -por R$ 30, ante R$ 20 do regular.


Texto Anterior: Guia da Folha: Confira mudanças no preço de ingressos da rede Cinemark
Próximo Texto: Novidades de alta tecnologia custam até R$ 60 mil
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.