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Material não passa por avaliação do ministério
Associação diz ter pedido ao MEC que avalie apostilas, mas ainda não houve resposta
Defensores do sistema afirmam que método
poupa parte do trabalho pedagógico e facilita acompanhamento dos pais
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Os tradicionais livros didáticos perdem cada vez mais espaço para as apostilas elaboradas
por redes de ensino privado.
Levantamento feito pela Folha
mostra que ao menos um terço
dos colégios particulares já
adota esse sistema de ensino
em substituição ou complemento dos livros.
Dos 18 grupos identificados,
apenas três -Etapa, Expoente
e Ser- não quiseram divulgar
seus números. Com as informações dos 15 demais sistemas, foi possível calcular
que ao menos 7.000 escolas
(33% do total de 21 mil instituições particulares de ensino
fundamental e médio do país)
trabalham com as apostilas.
Ao entregar para o professor
um material estruturado e com
planos de aula a serem seguidos, poupa-se parte do trabalho de coordenação pedagógica. Fica também mais fácil para
pais e alunos acompanharem
se o conteúdo previsto está, de
fato, sendo transmitido.
Especialista afirmam, porém, que o sistema pode tirar a
autonomia do professor e, em
alguns casos, dar pouca margem para trabalhar conteúdos
regionais em escolas fora do
Sul e Sudeste, onde se concentram os grupos educacionais
responsáveis pelas apostilas.
Outro aspecto negativo é
que, ao contrário dos livros didáticos, as apostilas elaboradas
pelos grupos não são avaliadas
pelo Ministério da Educação.
A Abrase (Associação Brasileira de Sistemas de Ensino) já
propôs ao ministério que faça
uma avaliação oficial, mas, afirma a entidade, ainda não houve
resposta do MEC.
Origem
Os sistemas surgiram a partir
de cursos pré-vestibulares de
São Paulo e Paraná na década
de 70, mas foi nos anos 90 que
cresceram aceleradamente.
Hoje já são vendidas apostiladas para todas as etapas da
educação básica. Por ano, o custo varia entre R$ 100 -em séries iniciais do ensino fundamental e educação infantil- e
R$ 1.000 -caso das apostilas
voltadas a pré-vestibulares.
Executivos desses grupos ouvidos pela Folha se dividem
em relação ao potencial de
crescimento. Há quem ache
que, no setor privado, chegou-se perto do teto. Mas também
quem aposte que ainda há muito a expandir.
Estimativas de faturamento
do setor variam de R$ 500 milhões a R$ 1 bilhão por ano.
Com o crescimento acelerado dos sistemas, empresas
que lucravam com venda de livros didáticos, como as editoras Moderna, FTD, Ática/Scipione e a livraria Saraiva, tiveram de entrar no setor.
José Arnaldo Favaretto, diretor de sistemas de ensino da
Saraiva, afirma também que os
livros didáticos tiveram que se
adaptar aos sistemas, incorporando alguns serviços.
"Hoje, muitas editoras agregam ao livro preparação de planos de aula e orientação ao professor, que são oferecidos pelos
sistemas de ensino", diz ele.
Além de apoio pedagógico, os
sistemas atraem também escolas em busca de reforço de marketing, associando-se a uma
marca mais forte.
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