São Paulo, sexta, 3 de abril de 1998

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VIOLÊNCIA
Foi o primeiro caso de ataque de tubarão neste ano no litoral de PE; desde setembro de 92, oito foram mortos
Tubarão mata mais um banhista em Recife

VANDECK SANTIAGO
da Agência Folha, em Recife

O corpo de um banhista aparentando 25 anos foi encontrado anteontem na praia da Boa Viagem, em Recife (PE), vítima de um ataque de tubarão. O banhista ainda não foi identificado.
Ele recebeu uma grande mordida no abdômen e outras menores nas coxas e braços, e morreu por hemorragia decorrente dos ferimentos, segundo laudo divulgado ontem pelo IML (Instituto de Medicina Legal).
O corpo tinha "lesões serrilhadas", características das mordidas de tubarão. A vítima teria sido sido atacada inicialmente nos braços e em depois no resto do corpo.
Os exames do IML comprovaram que o banhista não morreu imediatamente: ele se debateu e tentou fugir.
Segundo o oceanógrafo Fábio Hazin, da UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco), que tem doutorado em tubarão (feito no Japão), as dimensões das mordidas indicam que o animal media cerca de 3 metros.
O mais provável é que ele seja da espécie cabeça-chata -considerada uma das mais agressivas.
Antes da conclusão do laudo, havia a possibilidade de que o banhista tivesse morrido por afogamento e só depois sido atacado pelo tubarão, mas exames descartaram a hipótese.
Foi o primeiro ataque de tubarão no Estado este ano. De setembro de 92 até o caso confirmado ontem, 26 pessoas foram atacadas no Estado. Oito morreram, sendo seis banhistas e dois surfistas.
Os surfistas têm mais chances de escapar por normalmente estarem em cima de uma prancha. Das 26 vítimas dos ataques, 20 eram surfistas, dos quais 18 sofreram ferimentos mas conseguiram escapar. Já os seis banhistas atacados foram todos mortos.

Presa

Segundo Hazin, os tubarões não se alimentam de carne humana. Os ataques às pessoas aconteceriam porque o animal as confundem com suas presas tradicionais (como as tartarugas).
No final de semana passado, período em que o ataque ao banhista teria ocorrido, a maré estava alta (o que favorece a aproximação dos tubarões) e a água, turva (o que não permite ao animal distinguir "a presa").
Hazin disse que, no trecho em que acontecem os ataques, os banhistas nunca devem passar do ponto onde o pé alcança o solo.
A área de risco dos ataques é de cerca de 30 km ao sul de Recife, atingindo cinco praias.Começa na praia do Paiva, no município do Cabo, e vai até as praias da Boa Viagem e do Pina, em Recife.
Nessa área, por determinação do governo do Estado, está proibida a prática de esportes aquáticos, como surf e windsurf.



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