São Paulo, sexta, 3 de abril de 1998

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ADMINISTRAÇÃO
Vereadores de São Paulo pedem "CPI do Frango'; governistas suspendem sessão para evitar votação
Oposição a Pitta já é maioria na Câmara

MAURÍCIO RUDNER HUERTAS
da Reportagem Local

O prefeito de São Paulo, Celso Pitta, perdeu ontem a maioria que detinha na Câmara Municipal desde a sua posse, em janeiro de 97 -e que a administração do PPB controlava há cinco anos, desde a gestão de Paulo Maluf (1993-96).
A oposição (PT, PSDB, PC do B e PDT), que tradicionalmente soma 20 votos, conseguiu a adesão declarada de mais 11 vereadores da bancada governista, que se dizem descontentes com a administração de Celso Pitta, e passou a ter maioria entre os 55 vereadores.
O bloco dos rebeldes, articulado pelo vereador Paulo Roberto Faria Lima (PPB), chegou a pedir a abertura da "CPI do Frango", que não foi votada ontem porque o presidente da Câmara, Nelo Rodolfo (PPB), encerrou a sessão alegando tumulto generalizado.
Eram necessários 19 votos para iniciar a votação e 28 para aprovar a CPI. No momento em que Rodolfo encerrou a sessão e mandou desligar as luzes e os microfones do plenário, o bloco de oposição reunia 31 votos.
O requerimento apresentado pede uma CPI para apurar denúncias de irregularidades na aquisição de frango congelado em pedaços, leite em pó integral para o programa "Leve-leite", açúcar refinado e pão para cachorro-quente.
Compõem o novo bloco dos rebeldes os vereadores Faria Lima, Paulo Frange e Armando Mellão (PPB); Ivo Morganti e Toninho Paiva (PFL); Viviani Ferraz e Mohamad Mourad (PL); José Amorim (PTB); Antonio Goulart, Lídia Correia e Jooji Hato (PMDB).
Além dos 31 votos declarados ontem, a oposição conta com a adesão de Natalício Bezerra e Luiz Paschoal (PTB); Maria Helena (PL); Milton Leite (PMDB) e Alberto Hiar (PSDB) -ausentes ontem. São necessários 33 votos para um pedido de impeachment.
A sessão de ontem foi marcada por insultos entre os vereadores e críticas ao prefeito Celso Pitta. Quando a situação percebeu que havia perdido a maioria, valeu até apelar para o secretário de Governo Edevaldo Alves da Silva, que está na Europa.
O vereador Hanna Garib, líder do governo, chamava nominalmente os "rebeldes" ao telefone para dar explicações ao secretário.
"Agora ele quer falar comigo?", perguntava Ivo Morganti. Também Paulo Frange reclamava da lembrança tardia, dizendo que está cansado de promessas e tapinhas nas costas.
"Quando eu me levantei contra o prefeito, disseram que eu estava sozinho e que voltaria para o governo com o rabo entre as pernas", afirma Faria Lima. "Agora provamos que os descontentes são maioria. Formamos o bloco "iceberg' para derrubar o Pittanic."
A próxima sessão acontece na terça, com novo pedido de CPI.



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