São Paulo, quarta-feira, 03 de maio de 2006

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SEGURANÇA

Foi apreendido em São Paulo um conjunto de armamentos que incluía granadas; líder do PCC está preso em Avaré

Grupo armava resgate de Marcola, diz polícia

MARIO ROSSIT
DO "AGORA"

A polícia apreendeu anteontem um conjunto de armamentos e apetrechos -que incluía até granadas contra pequenos veículos de guerra blindados- que supostamente seria usado no resgate do líder da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola.
Marcola está preso na penitenciária de Avaré (262 km de São Paulo). Ele foi transferido para lá após uma tentativa de resgate, ocorrida em janeiro, no presídio de Presidente Bernardes (589 km de São Paulo), onde estava.
Pelo menos 12 pessoas, de acordo com a polícia, participariam da ação. Marcola é considerado atualmente um dos bandidos mais perigosos do Estado.

Descoberta
Segundo a polícia, a tentativa de resgatar detentos foi descoberta na madrugada de anteontem quando dois homens foram vistos cortando o alambrado externo da penitenciária.
Policiais foram acionados, mas os dois fugiram. Depois disso, a direção do presídio descobriu que grades de várias celas tinham sido serradas -não foi informado se a de Marcola era uma delas.
A polícia de São Paulo entrou em alerta e conseguiu a informação de que um carro com os armamentos que seriam usados no resgate dos presos deveria entrar na cidade na madrugada.
De acordo com os responsáveis pela apreensão, foi realizado um bloqueio na marginal Tietê, no entroncamento com a Castelo Branco, onde foi parado um Vectra preto, blindado. Nesse carro foi encontrado o armamento.
Foram apreendidos oito fuzis, uma submetralhadora, 24 granadas, 79 "miguelitos" (pregos usados para furar pneus de carros), 37 carregadores de fuzis, cinco coletes à prova de bala, duas escadas e uma corda. A polícia avaliou o material em R$ 300 mil.
O carro era dirigido por L.L.C., de 23 anos, acusado de roubo, homicídio e seqüestro. Ele teve prisão preventiva decretada em janeiro deste ano. A polícia não permitiu que a reportagem falasse com o preso e informou que ele ainda não tinha advogado.
O diretor do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado, Godofredo Bittencourt, afirmou que a maioria das armas encontradas é usada em guerras. "Trata-se de um armamento pesado, vindo de contrabando."
O diretor do Deic afirmou, ainda, que Marcola é perigoso e deveria ser levado para uma unidade de segurança máxima.
"Respeito o trabalho da Secretaria da Administração Penitenciária, mas acho que ele [Marcola] deveria ir para um RDD [Regime Disciplinar Diferenciado]", disse. Esse regime prevê cela individual, monitoramento por câmeras 24 horas por dia e proíbe o acesso do preso à TV e ao rádio.
A lei federal 10.792 fixa prazo de até 360 dias no RDD, podendo ser prorrogado pelo mesmo prazo em caso de nova falta -até o limite de um sexto da pena.
A Secretaria da Administração Penitenciária foi procurada pela reportagem, mas não comentou a declaração do diretor do Deic.

Perfil
Marcola tem condenações por assalto a bancos. Ele chegou ao topo da hierarquia do PCC em 2002, ao aproveitar um racha no comando entre "moderados" e "radicais" e perseguindo presos fundadores da facção, segundo uma investigação do Ministério Publico do Estado.
O PCC, segundo a Promotoria, foi criado em 1993, no anexo da Casa de Custódia de Taubaté. Marcola não estava entre os fundadores da facção criminosa.


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