|
Próximo Texto | Índice
Assassino de Liana escapa da Febem
Mentor do crime em que casal de namorados foi morto usou escada para pular muro de seis metros na unidade Tietê (zona norte)
18 funcionários e diretor
foram afastados após a
fuga; secretário se disse
"insatisfeito" com as
explicações dadas
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O mentor do seqüestro e assassinato do casal de namorados Liana Friedenbach, 16, e
Felipe Caffé, 19, fugiu às 18h15
de ontem após pular um muro
do complexo da Vila Maria (zona norte de SP) da Fundação
Casa (ex-Febem). Ele estava internado desde novembro de
2003, quando cometeu o crime.
O rapaz, que hoje tem 20
anos, estava no setor administrativo da unidade Tietê do
complexo. O local funcionava
de maneira adaptada como um
"seguro" (isolado dos demais
internos) porque o jovem é jurado de morte. Um outro rapaz,
de 17 anos, também fugiu.
Por conta da fuga do jovem, o
diretor da unidade Tietê do
complexo Vila Maria e todos os
18 responsáveis pela segurança
do local no horário do incidente
foram afastados de seus cargos.
A fundação abriu sindicância
e hoje irá interrogar o guarda
(de empresa terceirizada) que
faz a segurança da muralha, de
cerca de seis metros. O monitor
responsável por cuidar dos dois
jovens já foi ouvido.
A suspeita mais forte é a de
que houve facilitação na fuga,
pois a escada usada pelos dois
rapazes era utilizada para uma
obra na unidade Tietê e estava
muito perto do local onde os jovens estavam trancados.
O crime provocou, na época,
o clamor de parte da população
para redução da maioridade
penal. Já a fuga ocorre justamente quando o assunto está
mais uma vez em pauta.
O ECA (Estatuto da Criança
e do Adolescente) impede a divulgação do nome de jovens
que cometeram crimes quando
tinham menos de 18 anos e estão sob custódia do Estado.
Pela lei, o assassino do casal
de jovens deveria ter ficado na
Febem até novembro de 2006
-três anos é o prazo máximo
de internação de menores de
idade. Mas a Justiça o considerou "incapaz" e o encaminhou a
uma unidade psiquiátrica. Como o Estado não tem unidades
desse tipo seguras, ele continuava na Febem.
Divulgação da fuga
Minutos depois da fuga, funcionários da unidade Tietê, alguns ligados às entidades sindicais da categoria, fizeram diversas ligações telefônicas para órgãos de imprensa para informar sobre o caso.
Ontem à noite, a Folha tentou, sem sucesso, localizar o diretor jurídico do Sitraemfa
(sindicato dos trabalhadores da
instituição), Júlio Alves, para
que falasse sobre a suspeita de
facilitação na fuga e a divulgação quase instantânea do fato.
O secretário de Estado da
Justiça, Luiz Antonio Marrey,
responsável pela Fundação Casa, foi ontem à noite à unidade
e se disse "insatisfeito" com as
explicações dadas pelo diretor
do local para a fuga dos jovens.
Próximo Texto: Pai de Liana diz que irá processar o Estado Índice
|