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DANUZA LEÃO
As perigosas frágeis
Homem adora mulher frágil. Uma forte é fácil esquecer; das outras é impossível, até porque elas não deixam
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QUEM NÃO quer ser forte? É o
que todos desejamos, sobretudo, de um tempo para cá,
nós, mulheres.
E como seria essa mulher? Independente, capaz de se manter, que
jamais vai atormentar seu homem
com inseguranças nem ciúmes, capaz de segurar qualquer tranco -inclusive os dele- e com quem a família e os amigos sempre contam, em
qualquer circunstância. É isso que
qualquer homem quer, certo?
Errado; homem não gosta de mulher assim. Pode até admirar, mas de
longe, e não na vida dele.
Vamos combinar: os amores que
eram para ser eternos -e qual não
é?- se acabam cada vez com mais
freqüência, e uma separação é sempre complicada e dolorosa, mesmo
sendo de comum acordo. Depois dos
primeiros tempos de sofrimento a
vida continua, e cada um vai encontrar alguém para namorar, quem sabe até se apaixonar de novo. Nessas
separações de consenso, em que
-teoricamente- ficam amigos, às
vezes saem para almoçar (nunca
jantar), conversam sobre a vida em
geral (nunca a deles mesmos) e se
acham muito civilizados.
Mas logo logo o homem arranja
uma namorada, e adeus almoços e
telefonemas para saber como vão as
coisas. E quando a ex sabe, por mais
que seja cuca fresca, moderna e esclarecida, sofre, e é aí que mostra se é
forte ou frágil.
As fortes sofrem, mas como não
demonstram, ninguém percebe (sobretudo eles); já as frágeis desmoronam com o fato de ele ter tão rapidamente se esquecido delas, como se
houvesse um prazo estabelecido para poder viver de novo. E aí, começa.
São telefonemas, cobranças, e um
princípio de depressão que não só
assustam o ex como atrapalham o
novo namoro, que é no fundo a finalidade subjetiva de tudo. Algumas
vão esperar o ex na porta de casa e
são capazes de armar um barraco de
tal ordem que chegam a assustar. E o
homem geralmente se sensibiliza
com a "coitada" e começa a ter medo
que ela cometa um ato tresloucado.
Os novos encontros com a namorada passam a ter um único assunto:
a ex. O que ela fez, que procurou um
analista, que está tomando antidepressivos; ele fica tão preocupado
que tem que ir vê-la depois do trabalho para dar um apoio -afinal, trata-se da mãe dos filhos dele.
É uma preocupação sincera, mas
nenhum namoro resiste a esse assunto, e um dia a namorada dá um
tchau e vai procurar outro, mais livre e menos bobo, que não caia nesse joguinho de mulher frágil.
Porque homem adora mulher frágil, que
precise deles, que não possa viver
sem eles. De uma mulher forte é fácil esquecer; das outras é impossível,
até porque elas não deixam. Como
ser feliz se existe alguém sofrendo
por nós?
Por tudo isso, chego a pensar que
as verdadeiras mulheres fortes são
as fracas, que conseguem atrapalhar
a vida de seus ex durante anos, até
que encontram um novo homem e
aí -e só aí- vão tratar de suas vidas
e deixar em paz o que foi o passado.
Portanto, muito cuidado com as
mulheres frágeis; elas são capazes de
qualquer coisa, e pobres dos homens
que se enganarem com sua aparente
fragilidade. Porque um dia eles vão
perceber que, ao contrário do que
sempre pensaram, os verdadeiros
frágeis são eles.
E um conselho às fortes: se quiserem ter um homem na vida, finjam-se de fracas, pois são raros os homens que suportam ter ao lado uma
mulher forte.
danuza.leao@uol.com.br
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