São Paulo, domingo, 03 de junho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DANUZA LEÃO

As perigosas frágeis


Homem adora mulher frágil. Uma forte é fácil esquecer; das outras é impossível, até porque elas não deixam

QUEM NÃO quer ser forte? É o que todos desejamos, sobretudo, de um tempo para cá, nós, mulheres.
E como seria essa mulher? Independente, capaz de se manter, que jamais vai atormentar seu homem com inseguranças nem ciúmes, capaz de segurar qualquer tranco -inclusive os dele- e com quem a família e os amigos sempre contam, em qualquer circunstância. É isso que qualquer homem quer, certo?
Errado; homem não gosta de mulher assim. Pode até admirar, mas de longe, e não na vida dele.
Vamos combinar: os amores que eram para ser eternos -e qual não é?- se acabam cada vez com mais freqüência, e uma separação é sempre complicada e dolorosa, mesmo sendo de comum acordo. Depois dos primeiros tempos de sofrimento a vida continua, e cada um vai encontrar alguém para namorar, quem sabe até se apaixonar de novo. Nessas separações de consenso, em que -teoricamente- ficam amigos, às vezes saem para almoçar (nunca jantar), conversam sobre a vida em geral (nunca a deles mesmos) e se acham muito civilizados.
Mas logo logo o homem arranja uma namorada, e adeus almoços e telefonemas para saber como vão as coisas. E quando a ex sabe, por mais que seja cuca fresca, moderna e esclarecida, sofre, e é aí que mostra se é forte ou frágil.
As fortes sofrem, mas como não demonstram, ninguém percebe (sobretudo eles); já as frágeis desmoronam com o fato de ele ter tão rapidamente se esquecido delas, como se houvesse um prazo estabelecido para poder viver de novo. E aí, começa.
São telefonemas, cobranças, e um princípio de depressão que não só assustam o ex como atrapalham o novo namoro, que é no fundo a finalidade subjetiva de tudo. Algumas vão esperar o ex na porta de casa e são capazes de armar um barraco de tal ordem que chegam a assustar. E o homem geralmente se sensibiliza com a "coitada" e começa a ter medo que ela cometa um ato tresloucado.
Os novos encontros com a namorada passam a ter um único assunto: a ex. O que ela fez, que procurou um analista, que está tomando antidepressivos; ele fica tão preocupado que tem que ir vê-la depois do trabalho para dar um apoio -afinal, trata-se da mãe dos filhos dele.
É uma preocupação sincera, mas nenhum namoro resiste a esse assunto, e um dia a namorada dá um tchau e vai procurar outro, mais livre e menos bobo, que não caia nesse joguinho de mulher frágil.
Porque homem adora mulher frágil, que precise deles, que não possa viver sem eles. De uma mulher forte é fácil esquecer; das outras é impossível, até porque elas não deixam. Como ser feliz se existe alguém sofrendo por nós?
Por tudo isso, chego a pensar que as verdadeiras mulheres fortes são as fracas, que conseguem atrapalhar a vida de seus ex durante anos, até que encontram um novo homem e aí -e só aí- vão tratar de suas vidas e deixar em paz o que foi o passado.
Portanto, muito cuidado com as mulheres frágeis; elas são capazes de qualquer coisa, e pobres dos homens que se enganarem com sua aparente fragilidade. Porque um dia eles vão perceber que, ao contrário do que sempre pensaram, os verdadeiros frágeis são eles.
E um conselho às fortes: se quiserem ter um homem na vida, finjam-se de fracas, pois são raros os homens que suportam ter ao lado uma mulher forte.

danuza.leao@uol.com.br


Texto Anterior: Opções incluem parque "esportivo" e "contemplativo"
Próximo Texto: Há 50 anos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.