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Tempestade durou 12 minutos, diz meteorologista dos EUA
ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Quando emitiu um alerta automático indicando pane elétrica e despressurização da cabine, último sinal do Airbus-330 da Air France, o avião enfrentava uma tempestade tropical, mesmo panorama dos 12
minutos ou 125 quilômetros
anteriores.
O cenário provável da tragédia foi reconstituído pelo meteorologista americano Tim
Vasquez, da Weather Graphics,
empresa que desenvolve softwares de análise do tempo. "A
menos que os dados oficiais informados à imprensa estejam
errados, não há dúvida de que o
avião voava dentro da tempestade", disse ele à Folha.
Para chegar a essa conclusão,
Vasquez combinou as últimas
coordenadas do voo, imagens
de satélites e outros fatores como ventos.
Ele diz que o mau tempo foi
certamente um fator da tragédia, embora muito provavelmente não o único. Segundo
ele, combinado com outros fatores, como por exemplo um
incêndio a bordo, a tempestade
e a turbulência causada por ela
podem ter causado o acidente.
Sozinho, o mau tempo dificilmente derrubaria um avião
do porte do A-330. "Tempestades como estas provavelmente
já foram atravessadas centenas
de vezes ao longo dos anos sem
sérios incidentes".
Na região onde a aeronave
sumiu, no meio do oceano
Atlântico, são comuns as tempestades como a que enfrentou
o avião da Air France. Para se
ter uma ideia, na semana que
antecedeu a tragédia, a Aeronáutica emitiu 52 alertas de
mau tempo na área.
Pilotos
Nos dez últimos anos as alterações meteorológicas na faixa
equatorial do Atlântico tornaram-se mais violentas, pondo
em risco a navegação aérea, disse o diretor de segurança de voo
do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Carlos Camacho.
Embora defenda a tese de
que o tráfego aéreo na região
tornou-se mais perigoso com a
maior intensidade de tempestades e turbulências, Camacho
não deu exemplos de aviões
que correram risco no trajeto
entre o Brasil e a Europa.
Camacho creditou o fato de
desconhecer episódios de risco
à pressão que as empresas aéreas exercem sobre os tripulantes, proibindo-os de relatar os
incidentes ao sindicato.
"Isso é real. As condições meteorológicas estão mudando.
As tempestades na zona intertropical são de fortes para severas. E tem ficado pior. Mas isso
não quer dizer que foram responsáveis pelo que aconteceu.
Os pilotos são sempre arredios
com o sindicato. Vários eventos
aconteceram, tenho convicção", afirmou Camacho.
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