São Paulo, quinta-feira, 03 de julho de 2008

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AROLDO FORDE (1930-2008)

Ainda ecoa na Ilha: "Segura a marimba"

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O pessoal da União da Ilha do Governador estava já acostumado, pois fazia mais de dez anos que Aroldo Melodia entrava na avenida de cadeira de rodas, feliz da vida, orgulhando-se de nunca ter deixado de desfilar. Não desistiria nunca, dizia, nem da escola, nem do Carnaval.
Título de campeã a escola nunca teve. Mas ficou uma vez em terceiro lugar do grupo especial em 1977, com um enredo sobre o lazer no fim de semana, "Domingo", que serviu como troféu. No gogó, Aroldo Melodia. "Melodia era o forte dele", diz o filho. "E era um verdadeiro boêmio, aquele cara!"
Filho de uma doméstica e um estivador, nasceu e cresceu na Ilha do Governador, brincando de pipa no morro do Boogie Woogie. "Nunca pensei em ser sambista", chegou a dizer. Mas acabou virando "crooner" da "azul, vermelho e branco", cantor conhecido pelo grito "Segura a Marimba!", dito como uma quase mandinga antes de a escola entrar na avenida.
Fora da quadra foi funcionário da prefeitura; começou como pintor e se aposentou como escriturário. Foi com esse dinheiro, dizia, que sustentou sete filhos, hoje seis -Aroldão morreu atropelado na porta da agremiação.
Tinha ainda 15 netos e três bisnetos, "uma galera, toda presente no velório"; foi ontem que morreu de falência múltipla dos órgãos, aos 78. No canto do filho, hoje intérprete, o hino de preparo da escola, criado pelo pai: "Se um dia, ôôô, eu deixar de desfilar, papai do céu, pela União da Ilha, eu vou chorar".


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