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República para jovens que deixam abrigos pode fechar
Sem patrocínio, a Jovem Taiguara, no Butantã , não consegue cobrir gastos mensais apenas com doações
Instituição acolhe por até 1 ano e meio rapazes de 18 a 21 anos que não voltaram às famílias nem foram adotados
CAROLINA LEAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quando completou 18
anos, Vanderson Santos Silva não comemorou. Então
morando em um abrigo para
adolescentes, ouviu que a
maioridade lhe dava uma
única alternativa: dormir em
um albergue para moradores
de rua. "Com 18 anos, sem ter
para onde ir, sem emprego,
sem estudo. O que eu ia fazer?", conta.
Um educador o indicou
para uma das raras opções de
moradia para jovens que
saem de abrigos na cidade de
São Paulo: a República Jovem Taiguara, no Butantã
(zona oeste), que agora corre
o risco de fechar por falta de
apoio financeiro.
Criada pela ONG Casa Taiguara, a república acolhe,
por até um ano e meio, rapazes de 18 a 21 anos que não
voltaram à família nem foram adotados. Nesse período, são encaminhados para
vagas de emprego e estudo.
O projeto começou em
2007, quando venceu uma
seleção do Instituto HSBC de
Solidariedade para patrocínio por dois anos. O prazo
acabou no fim de 2009.
"Esperamos respostas de
outras empresas interessadas no projeto, mas até agora
nada. Corremos o risco de fechar", diz Renee Amorim, gerente de projetos da ONG.
Com o fim do patrocínio, o
dinheiro arrecadado com festas e doações cobre apenas
parte dos gastos, que somam
R$ 5.000 por mês.
POUCAS VAGAS
Segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social,
858 crianças e adolescentes
abrigados não têm perspectiva de retorno à família, e 285
têm entre 15 e 17 anos -estão
prestes a sair dos abrigos.
Para acolher estes jovens,
São Paulo teria apenas 33 vagas. Oito oferecidas pela República Taiguara e outras 25
pela prefeitura, que mantém
duas repúblicas jovens. Não
há levantamento oficial sobre a existência de outros lares para esses jovens.
Segundo uma psicóloga
que trabalha em abrigos e pediu para não ser identificada,
a única informação que chega até eles é sobre as repúblicas municipais. Quando o jovem está perto dos 16 anos, já
é hora de pleitear uma vaga à
prefeitura. "Conseguir é uma
questão de sorte", diz.
OBRIGAÇÃO MORAL
Quando o adolescente
completa 18 anos e deixa o
abrigo, o Estado não tem
mais nenhuma obrigação legal de mantê-lo.
Mas, para o juiz da Vara da
Infância e Juventude, Reinaldo Cintra, prevalece a obrigação moral. "É muito difícil
você dar autonomia para
quem nunca teve", afirma.
Tanto nas repúblicas mantidas pela prefeitura quanto
na Taiguara, os moradores
são responsáveis por limpeza, organização e refeições
da casa. Também precisam
estudar e trabalhar.
Parte do salário é depositada em uma poupança individual e outra parte contribui
com os gastos mensais.
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