São Paulo, sexta-feira, 03 de agosto de 2001

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SEGURANÇA

Para comandante da Polícia Militar de SP, proposta em discussão no governo federal seria "muito onerosa"

PM prefere força-tarefa a guarda nacional

DA REPORTAGEM LOCAL

O Conselho Nacional dos Comandantes Gerais da Polícia Militar, que é contra a criação de uma guarda nacional, propôs ao governo federal a organização de uma força-tarefa, com participação de PMs de todo o país, para agir em casos de greves da polícia.
"A criação de uma guarda nacional vai ser muito onerosa e não atacará a causa do problema", disse o coronel Rui Cesar Melo, comandante da Polícia Militar de São Paulo e presidente do Conselho Nacional de Comandantes Gerais da PM.
Segundo Melo, o funcionamento de uma guarda para atuar em greves vai exigir a contratação de, no mínimo, 10 mil policiais.
A proposta alternativa foi apresentada anteontem pela entidade nacional ao coronel Alberto Cardoso, ministro-chefe do gabinete da Segurança Institucional da Presidência da República.
Cardoso afirmou aos oficiais da PM que a medida será discutida pela comissão de ministros que estuda a crise nas polícias.
Melo disse que essa força-tarefa deve realizar o deslocamento de PMs de outros Estados em vez de o governo encaminhar soldados das Forças Armadas, como aconteceu nas greves da PM em Tocantins e na Bahia.
"O PM removido já sabe como agir na rua. Não será necessário dar poder de polícia ao Exército. As Forças Armadas poderiam dar apoio logístico, mas seriam os PMs que atuariam nas ruas."

Deslocamento
Melo afirmou que a proposta da entidade prevê o deslocamento de pequenos grupos de policiais militares de Estados onde a situação da polícia é normal.
"Pode causar prejuízo no policiamento nesses Estados, mas não será grande porque a quantidade de PMs deslocados por região será pequena", afirmou.
Para o cabo Wilson Morais, presidente da Associação Nacional de Cabos e Soldados, a criação de uma guarda nacional é "tapar o sol com uma peneira".
"Em vez de investir no policial, o governo pensa em reprimir os grevistas e não entende que a greve existe porque o PM é tratado com descaso", disse Morais.
A criação de uma guarda será discutida em encontro nacional das associações de cabos e soldados, que será realizado em Brasília, provavelmente entre os dias 14 e 16 deste mês. O encontro também vai debater uma possível paralisação nacional da categoria.
"E se a guarda nacional fizer greve, o governo vai criar uma outra guarda parar reprimi-la?", questionou Morais.
(GILMAR PENTEADO)


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